Texto publicado na edição de 22 de maio no jornal Cidade de Tomar.
Nestes tempos inesperados, todos
os dias são dias de inovação e planeamento tentando a todo o momento reinventar
procedimentos, formas de trabalho, formas de estar e lidar com os outros.
A educação é uma área onde isso
sempre acontece, o setor do ensino tem sempre o mais possível de estar à
frente, de antecipar a sociedade e as comunidades com as suas muitas
vicissitudes, as suas muitas perspetivas e multiplicidade de necessidades.
Uma vez mais, nesta pandemia que
atravessamos e que podia ser em teoria antecipável, mas na prática pouco
admissível de que acontecesse nos nossos tempos de vida, a verdade é que
aconteceu, está a acontecer, veio para ficar, e a educação uma vez mais foi dos
setores que mais depressa teve de reagir.
E teve que reagir, naturalmente
por ser a sua missão, mas ficando uma vez mais expresso o quanto a sociedade de
imediato sentiu a sua necessidade, sentiu a falta da escola, dos professores e
educadores que tão bem têm estado à altura dos desafios, e sentiu falta do tão
mais que o ensino que a escola resolve e tantas vezes sem o devido
reconhecimento.
A situação que atravessamos está
para durar, e o próximo ano letivo, naturalmente com muitas indefinições, vai
iniciar e provavelmente decorrer todo o ano com essas condicionantes, muito
semelhantes ao término do atual.
Provavelmente, apenas algumas
disciplinas presenciais. Alguma redução de alunos por turma, que não pode ser
muita porque as escolas não estão fisicamente preparadas para isso (nem é em
muitos casos possível fazê-lo), e porque, convenhamos, o mau planeamento de
anos e que durante alguns fez existir excesso de professores, começa agora a
fazer-se sentir a sua falta, em algumas disciplinas já com maior relevo, pelo
que um aumento nacional de turmas muito elevado traria outros problemas de
organização.
Também, provavelmente, e esse é
um dos aspetos que considero positivo, o maior uso do online, quer para aulas
quer para realização de tarefas, veio seguramente para ficar.
Por Tomar, há desde logo que transmitir
a maior confiança nos nossos agrupamentos escolares, nas suas direções, nos
professores, nos funcionários municipais, na sua capacidade de trabalho e
determinação em cumprir com zelo a sua função em prol dos alunos e das suas
famílias, e agora muito em prol da sua saúde.
O ano letivo começará com outras
mudanças que já estavam programadas. O processo de descentralização na área da
educação está em curso e, para já, as orientações são de que continue, o que
desde logo diz que 2 das 3 escolas que são ainda propriedade e responsabilidade
do ministério passarão para a alçada do município – a EB23 Gualdim Pais e a ES
Santa Maria do Olival, ficando de fora apenas a ES Jácome Ratton por estar no
contrato da Parque Escolar;
Os sessenta e alguns funcionários
não docentes que ainda pertencem ao ministério, colocados nas duas escolas
secundárias; virão juntar-se aos cerca de 140 municipais colocados nas
restantes escolas do concelho;
A generalidade dos contratos que
estavam ainda na alçada do ministério, passarão a ser realizados e geridos pelo
município. Este é um dos processos que nos acarreta grande trabalho, estamos a
falar de dezenas de procedimentos, com especial enfoque pela sua dimensão, no
contrato de fornecimento de refeições de todas as escolas a partir do 5º ano de
escolaridade que já estamos a preparar (no 1º ciclo e pré-escolar já era
responsabilidade do município, em muitos casos ainda feito por delegação nas
associações de pais);
A nível de instalações, como há
muito sabido, os alunos, docentes e funcionários da EB1 Infante D Henrique,
transitarão para a EBI Santa Iria, estando já o processo de obras de adaptação
a decorrer. Estamos com a Associação de Pais a fazer todos os possíveis para
que também o ATL decorra já nessas novas instalações ainda durante parte do
verão;
O novo Centro Escolar da
Linhaceira, que vem eliminar 3 edifícios e um contentor sala de aula está em
fase acelerada de conclusão, e se nenhum contratempo surgir, abrirá também com
o novo ano letivo.
Como já referi, o crescimento do
uso do computador e da internet será neste contexto ainda mais veloz, e por
isso, trabalharemos para continuar a dotar as escolas com mais equipamentos
para uso local, ou se necessário para empréstimo aos alunos. Espera-se que o
Governo também faça mais nesta matéria, uma vez que há mais de uma década,
desde o Plano Tecnológico da Educação, o Magalhães e outras iniciativas de
grande importância, não há investimento do Estado central nestas áreas.
E claro, haverá seguramente mais
investimento em equipamentos e soluções que aumentem a segurança das condições
de saúde de todos os envolvidos nas escolas, a começar nos alunos.
Uma vez mais, confiança. Quase
tudo nas nossas vidas são hábitos e costumes sociais. Esta situação veio, já o
disse, para ficar por muito tempo e, portanto, temos dia a dia de aprender a
viver com ela. Ganhar novos hábitos, construir aos poucos uma nova realidade.
Assim será nas escolas. Sem dramas, a enfrentar mais esta crise, juntos como
comunidade.
Em Tomar, no arranque do ano
letivo, os cerca de 3250 alunos de pré-escolar, ensino básico e secundário; 400
professores e educadores; 300 funcionários não docentes, outros técnicos, direções
de associações de pais e algumas dezenas de funcionários nelas, todos os que
compõe a comunidade educativa, vão estar o mais preparados possível para esta
nova realidade.
Claro que, por mais que planeemos
e preparemos, é sempre preciso lembrar o que nesta situação é mais evidente,
mas que acontece sempre na escola como deve acontecer na vida: todos os dias
estamos a aprender e a adaptar.
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