sexta-feira, março 27, 2020

O inimigo invisível que a todos une


artigo de opinião publicado no jornal Cidade de Tomar de 27 de março

Vivemos tempos absolutamente desnaturais. Uma enorme batalha coletiva para a qual ninguém estava preparado.
Há que saber manter a calma, o discernimento, o bom senso, percebendo desde logo que não sabemos quando a situação vai acabar, mas que ela vai acabar, e depende de todos nós a forma com ela vai chegar ao fim. Como se diz muito nas redes sociais, “separemo-nos para nos podermos voltar a abraçar”.
Nestes tempos as instituições, particularmente públicas assim como das áreas sociais e saúde, e naturalmente muitas empresas essenciais, vão manter-se em funcionamento e desde logo há que sublinhar o papel de todos esses trabalhadores que, nas mais diferentes áreas, estão a prestar trabalho para o coletivo.
No município de Tomar também assim é, em todos os setores de funcionamento se mantém trabalhadores quer fisicamente, quer em teletrabalho, particularmente no atendimento telefónico e eletrónico. Já para não falar nos setores mais operacionais onde o trabalho à distância não é possível: bombeiros, higiene e limpeza, ou em algumas escolas. E nas águas e saneamento (agora na Tejo Ambiente).
Assim é, obviamente, com todas as chefias: da Presidente, aos vereadores, aos chefes das várias unidades orgânicas.
A comunidade não pode parar, e nestes momentos que poderão criar novos problemas sociais, nomeadamente por via do isolamento, a rede social com as suas muitas instituições vai seguramente mostrar a sua robustez, começando nas células mais pequenas e mais próximas de cada território: as comissões sociais de freguesia que em boa hora foram criadas e que têm nesta fase a sua prova de fogo, e onde cada Presidente de junta e o seu executivo são a primeira linha de contacto e de atuação, como não pode deixar de ser.
O pior destes momentos é o alarmismo, bem como as comparações avulsas. Cada território tem a sua especificidade, e aquilo que serve para Lisboa pode não servir para Tomar, e o que serve à cidade, pode não servir a cada uma das dezenas de aldeias do concelho, e vice-versa.
Com o passar dos dias, das semanas, vão seguramente surgir novos problemas, para os quais será necessário ir encontrando novas soluções.
O papel de cada um é essencial. Queiramos neste momento solidificarmo-nos como comunidade, e perceber que é ainda mais nestes tempos que a ideia de coletivo é determinante.
É nestes momentos que a célebre frase de John Kennedy faz ainda mais sentido: “Não perguntes o que pode o teu país fazer por ti, mas o que podes fazer pelo teu país”, ou pela tua comunidade, pela tua aldeia, pela tua rua, pelo teu prédio, pela tua família.
Esperando o pior, desejemos o melhor, e saibamos que a tormenta vai passar. E que vai existir um concelho, um país, um mundo depois disto, e para o qual também vai ser necessário encontrar novas respostas.
Que faça cada um de nós o seu papel, saibamos cuidar de si e dos outros, e procuremos a melhor forma de nos encaixarmos nesta que será porventura a maior provação das vidas da maioria de nós.
Sejamos fortes, sejamos inteligentes, sejamos solidários, sejamos humanos. Por todos e cada um.
Sejamos realistas e não nos agarremos a falsas sensações de segurança venham elas de onde vierem. Mas sejamos confiantes, com a contribuição e o cumprimento de todos vamos ultrapassar isto.
A vida é um bem raro, e o tempo é sempre escasso e precioso. Aproveitemos para refletir naquilo que mais importa na vida, e na forma como estamos no mundo e nos relacionamos uns com os outros.
A primavera começou cinzenta e chuvosa, mas a luz voltará.

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