artigo de opinião publicado no jornal Cidade de Tomar de 27 de março
Vivemos tempos absolutamente desnaturais. Uma enorme batalha
coletiva para a qual ninguém estava preparado.
Há que saber manter a calma, o discernimento, o bom senso,
percebendo desde logo que não sabemos quando a situação vai acabar, mas que ela
vai acabar, e depende de todos nós a forma com ela vai chegar ao fim. Como se
diz muito nas redes sociais, “separemo-nos para nos podermos voltar a abraçar”.
Nestes tempos as instituições, particularmente públicas
assim como das áreas sociais e saúde, e naturalmente muitas empresas essenciais,
vão manter-se em funcionamento e desde logo há que sublinhar o papel de todos
esses trabalhadores que, nas mais diferentes áreas, estão a prestar trabalho
para o coletivo.
No município de Tomar também assim é, em todos os setores de
funcionamento se mantém trabalhadores quer fisicamente, quer em teletrabalho,
particularmente no atendimento telefónico e eletrónico. Já para não falar nos
setores mais operacionais onde o trabalho à distância não é possível:
bombeiros, higiene e limpeza, ou em algumas escolas. E nas águas e saneamento
(agora na Tejo Ambiente).
Assim é, obviamente, com todas as chefias: da Presidente,
aos vereadores, aos chefes das várias unidades orgânicas.
A comunidade não pode parar, e nestes momentos que poderão
criar novos problemas sociais, nomeadamente por via do isolamento, a rede
social com as suas muitas instituições vai seguramente mostrar a sua robustez,
começando nas células mais pequenas e mais próximas de cada território: as
comissões sociais de freguesia que em boa hora foram criadas e que têm nesta
fase a sua prova de fogo, e onde cada Presidente de junta e o seu executivo são
a primeira linha de contacto e de atuação, como não pode deixar de ser.
O pior destes momentos é o alarmismo, bem como as
comparações avulsas. Cada território tem a sua especificidade, e aquilo que
serve para Lisboa pode não servir para Tomar, e o que serve à cidade, pode não
servir a cada uma das dezenas de aldeias do concelho, e vice-versa.
Com o passar dos dias, das semanas, vão seguramente surgir
novos problemas, para os quais será necessário ir encontrando novas soluções.
O papel de cada um é essencial. Queiramos neste momento solidificarmo-nos
como comunidade, e perceber que é ainda mais nestes tempos que a ideia de
coletivo é determinante.
É nestes momentos que a célebre frase de John Kennedy faz
ainda mais sentido: “Não perguntes o que pode o teu país fazer por ti, mas o
que podes fazer pelo teu país”, ou pela tua comunidade, pela tua aldeia, pela
tua rua, pelo teu prédio, pela tua família.
Esperando o pior, desejemos o melhor, e saibamos que a tormenta
vai passar. E que vai existir um concelho, um país, um mundo depois disto, e
para o qual também vai ser necessário encontrar novas respostas.
Que faça cada um de nós o seu papel, saibamos cuidar de si e
dos outros, e procuremos a melhor forma de nos encaixarmos nesta que será
porventura a maior provação das vidas da maioria de nós.
Sejamos fortes, sejamos inteligentes, sejamos solidários,
sejamos humanos. Por todos e cada um.
Sejamos realistas e não nos agarremos a falsas sensações de
segurança venham elas de onde vierem. Mas sejamos confiantes, com a
contribuição e o cumprimento de todos vamos ultrapassar isto.
A vida é um bem raro, e o tempo é sempre escasso e precioso.
Aproveitemos para refletir naquilo que mais importa na vida, e na forma como estamos
no mundo e nos relacionamos uns com os outros.
A primavera começou cinzenta e chuvosa, mas a luz voltará.
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