artigo de opinião publicado no jornal Cidade de Tomar de 20 de março.
Solicita-me o CT que fale sobre
“o futuro dos jornais regionais em papel, tendo em conta a “velocidade” atual
das notícias e a veracidade (ou não) das mesmas” e da sua importância na
destrinça entre a verdade e muita desinformação que nestes tempos invadem todos
os meios.
Antes de mais, e sem dramatismos,
é preciso constatar que a televisão não acabou com a rádio, a internet não
acabou com a TV, e nenhum deles acabou com a imprensa. É preciso sim serem
complementares e terem cada vez mais uma lógica multiplataforma.
Num tempo em que qualquer pessoa
consegue atrás dum teclado de computador ou telemóvel inventar uma história, um
boato, uma “notícia”, é quando a comunicação social séria - a que procura as
fontes, confirma os factos, procura o contraditório – é ainda mais necessária.
O célebre “separar o trigo do
joio”. Como costumo dizer, se não admite que qualquer pessoa lhe arranque um
dente, também não deve admitir que qualquer um lhe impinja “notícias”.
Ora, estes efeitos são globais
como sabemos, mas também nacionais e locais.
Localmente temos também esses
fenómenos, que não devem como alguns defendem, ser ignorados ou alheados. Não,
devem ser apontados, denunciados. Do senhor do “tomar na rede” que todos os
dias manipula “notícias”, procura o escândalo e o populismo, com laivos de
misoginia ou xenofobismo e ataques político/partidários à mistura; ao senhor
que usurpou listagens de contatos e inunda os telemóveis com sms, aos perfis
falsos que circulam no facebook. Esses terroristas sociais devem ser
denunciados.
É o tal tempo da “pós verdade”
como lhe chamam os sociólogos, em que passamos mais tempo a desmentir que a
informar. Infelizmente assim tem de ser, e esse papel compete tanto à
comunicação social séria e credível, como a cada um de nós cidadãos.
A verdade, a honra e a justiça,
são fatores determinantes do exercício de cidadania e da construção de
comunidades, e duma sociedade mais esclarecida, fraterna e tolerante.
A comunicação social e a imprensa
em particular têm tanto essa responsabilidade de mostrar a diferença e cada vez
mais ajudar, não só a esclarecer a verdade, como a denunciar quem mente. E
assim sobreviverá e não só manterá como aumentará o crédito junto dos leitores
como dos consumidores de notícias.
A imprensa local tem ainda a
vantagem, mas também responsabilidade, de chegar onde os outros não chegam: aos
problemas, às histórias, à vivência, às muitas atividades das comunidades por
mais pequenas que sejam.
Por fim, por mais que os meios
digitais sejam práticos e apelativos, o prazer de ler em papel, de folhear, até
de sentir o cheiro da folha e da tinta, é algo que não tem correspondência com
os ecrãs. Se o que lá estiver impresso for credível, essa pareceria será ainda
mais apetecível.
Parabéns Cidade de Tomar, e a
todos os que o mantém vivo!
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