segunda-feira, outubro 07, 2019

Amigos de quatro patas


texto publicado no jornal Cidade de Tomar de 4 de outubro

No canil intermunicipal de Tomar (e Ferreira do Zêzere), situado no Parque Empresarial de Tomar (vulgo, zona industrial), residem neste momento cerca de 20 gatídeos e 170 canídeos, dos quais 35 pequenos cachorros.
Tecnicamente o canil está sempre esgotado, isto porque por cada animal que sai para adoção, há dois ou três à espera para entrar. E naturalmente a capacidade máxima varia, porque depende do porte dos animais, da sua perigosidade, entre outros fatores.
E isto apesar de em 2017 termos feito um investimento municipal na casa dos 100.000€ que permitiu duplicar a capacidade e também, eliminar o canil até aí ainda existente no Flecheiro, que não apresentava há muito condições mínimas.
Entretanto, a nova Lei só permite o abate em circunstâncias bem definidas, e que são as mesmas que já eram aplicadas em Tomar. Mas a questão é que qualquer instalação tem uma capacidade finita e o nosso canil é obviamente igual. E por isso, a gestão das disponibilidades verso as necessidades existentes é uma dor de cabeça diária.
Para que seja claro, a responsabilidade dos municípios é sobre animais errantes. Ponto. Não têm qualquer responsabilidade, ou capacidade, para intervir em situações privadas ou de proprietários que por algum motivo deixam de querer cuidar dos seus animais.
E por vezes é muito difícil explicar isto aos munícipes que só querem ver o seu problema resolvido. Não!, os canis municipais não servem para os cidadãos se livrarem dos seus animais. Aliás, ser cidadão deveria ser compreender mais esta questão básica de cidadania. E depois há épocas do ano ainda mais difíceis – o verão é uma delas – em que o abandono aumenta imenso.
Sublinho, os donos são a todo o tempo responsáveis pelos seus animais, não podendo deles descartar-se quando por algum motivo não os querem; e o mesmo vale em situação de herança, o que por vezes é difícil fazer compreender a algumas pessoas. Os animais são, legalmente, a todo o tempo responsabilidade dos seus donos e respetivos herdeiros.
Para além destas situações que deveriam ser básicas de civismo, e onde a natureza humana por vezes revela a sua faceta menos boa, é preciso lembrar que, nos termos da Lei, a identificação  (chip) de canídeos é obrigatória, assim como a vacinação. Todo o proprietário está obrigado a fazê-lo.
Já a esterilização não é obrigatória, mas é altamente recomendada e a melhor forma de minorar o problema dos animais abandonados que, prevejo, vai tendencialmente agravar-se nos próximos tempos.
A esse propósito, dizem-se muitas coisas que não são reais, normalmente nas redes sociais. Isto para dizer que sim, o governo lançou uma candidatura para apoiar os municípios que desejem iniciar procedimentos de esterilização. Mas as regras para esse apoio são muito difíceis de alcançar. Tomar, só neste momento está em condições de o conseguir, e será dos primeiros.
Claro que para minorar todas as dificuldades anteriormente descritas e outras, ajudará a que o município volte a ter nos seus quadros veterinário, ou veterinária municipal. Temos o concurso a decorrer (infelizmente a burocracia faz com que os concursos demorem muitos meses), e quase terminado, para admissão de novo profissional o que vai permitir avançar com mais trabalho e qualidade, nomeadamente no início de um plano mais completo de esterilização de canídeos e gatídeos.
Em todo o caso, e porque queremos ser um concelho cada vez mais amigo dos animais e daqueles que optam ter um animal de companhia, para além dos investimentos que tenho vindo a referir, nomeadamente no canil, mas também num maior apoio tanto financeiro como de trabalho de parceria com a Associação Protetora dos Animais, ou na introdução das campanhas de adoção que há três anos iniciámos, a cidade vai em breve, num projeto de parceria com a freguesia urbana, ver nascer os seus primeiros wc canino e parque de treinos canino.
Por fim, já referi, mas devo sublinhar, a importância da Associação Protetora dos Animais (APARRT) com quem estabelecemos protocolo e que está sediada no canil, e com quem fazemos uma gestão partilhada do espaço, partilhando também dificuldades e soluções.
Lembrar, já agora, que atualmente o chip e a vacinação dos animais adotados no canil é oferecida pelo município, pelo que fica o convite:
Visitem o canil no Parque Empresarial de Tomar, de segunda a sábado, onde serão muito bem recebidos pelas prestimosas senhoras da APARRT, que lhes darão a conhecer os residentes e quem sabe, encontrar o novo amigo lá de casa!

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