segunda-feira, setembro 23, 2019

Tomar, terra de aprendizagem

texto publicado no jornal Cidade de Tomar de 13 setembro 2019

Novo ano letivo, novo momento de azáfama, de organização, de afinar procedimentos e tarefas. Mas também momento de renascimento. Nós docentes e demais profissionais ligados ao ensino somos por isso privilegiados que têm ano novo em dois momentos distintos. 

Tomar é uma terra de excelência em várias áreas. É-o similarmente na educação com uma realidade quase única no país. Dois muito bons agrupamentos escolares, genericamente com boas instalações, bons docentes e demais pessoal, imensas iniciativas ao longo do ano, principalmente as que trazem os alunos e as suas tarefas para fora da sala de aula e mesmo da escola, em ligação com a comunidade. 

Ensino profissional de qualidade tanto nos agrupamentos que prestam alguns cursos, como na Escola Profissional de Tomar (Casa dos Tetos) e no Centro de Formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (Marmelais); 

Duas escolas de ensino artístico oficiais (Canto Firme e SF Gualdim Pais) ambas com ensino de música e a Gualdim também com a dança; 

E “cereja no bolo”, o Instituto Politécnico que se tem vindo a adaptar às exigências sempre mutáveis do país e da região, com um conjunto de cursos muito bons, alguns deles únicos no país. 

Refira-se que na Educação o município tem como grandes responsabilidades: 

· Instalações escolares: todas do concelho à exceção, para já, da EB23 Gualdim Pais, e das Secundárias Jácome Ratton e Santa Maria do Olival. Para as escolas de pré-escolar e 1º ciclo, a câmara transfere verbas para as juntas de freguesia fazerem as manutenções ou reparações necessárias ao longo do ano, sendo que quando entendem não conseguir ou ter meios para fazer face a uma situação, devem reportá-la ao município. 

Para além disso fazemos um conjunto de intervenções diretas em várias delas, o que ainda este verão voltou a suceder; 

· Pessoal não docente: que é sempre pouco na opinião de professores e pais, mas em que os agora a rondar os 160 trabalhadores distribuídos entre os dois agrupamentos escolares, representam cerca de 32% do total (500) dos funcionários municipais. E está previsto transitarem para os quadros do município os 60 que ainda estão afetos ao Ministério da Educação; 

· Refeições escolares: sendo que algumas escolas de pré-escolar e 1ºciclo, têm essa gestão delegada por nós através de protocolo na respetiva associação de pais, e nas maiores na cidade é gerida por empresa que ganhou o serviço em concurso; 

· Transportes escolares: pagamos os passes a todos os alunos até ao 9ºano que utilizem o transporte público rodoviário ou ferroviário e, apesar dos pais disso não se aperceberem, 50% de todos os passes do ensino secundário. No pré-escolar e 1º ciclo, temos alguns circuitos de autocarro exclusivos para alunos, e alguns circuitos mais pequenos e também exclusivos que são efetuados em táxi. Na união de freguesias de Serra-Junceira, é a junta que presta esse serviço, igualmente pago pelo município, mas ao que acresce outros alunos que a junta transporta por sua iniciativa; 

· Material escolar: aos alunos subsidiados com escalão A e B, e também a estes, os livros de fichas que sejam adotados em cada escola e solicitados pelos pais; 

· Atividades de complemento de horário no pré-escolar: com música, educação física e jogos tradicionais; 

· AEC’S (Atividades de Enriquecimento Curricular no 1º ciclo): apenas no agrupamento de escolas Nuno de Santa Maria, onde ofereceremos a educação física e a música, mas ainda os jogos tradicionais, jogos de tabuleiro e desenvolvimento mental (o xadrez em particular), a dança, o basquete e o judo, para isso recorrendo à capacidade das associações locais, CALMA, Gualdim Pais, Canto Firme, Sport Clube Operário de Cem Soldos, Basquete Clube de Tomar e Ginásio Clube de Tomar. 

· Atividades regulares: Introdução à natação na piscina municipal a todas as crianças de 3º e 4º ano; visitas ao Convento de Cristo e aos Mosteiros de Alcobaça e Batalha a todos os do 4º; visita de estudo no autocarro municipal a todas as crianças de pré-escolar e 1º ciclo; 

· Atividades várias: em parceria ou em apoio financeiro e/ou logístico a outras entidades, ou atividades próprias, como o Dia da Criança, ou a FrEEE (Feira de Educação, Emprego e Empreendedorismo) destinadas a todos os alunos do concelho numa determinada faixa etária. 

Para além destas grandes questões, há muitas outras que vão surgindo ao longo do ano letivo. Aquisição ou reparação de edifícios ou equipamentos, computadores por exemplo; outros apoios na área de ação social escolar; apoio e parceria em muitas atividades ao longo do ano letivo. 

Somado, são cerca de 4 milhões de euros anuais que o município vem despendendo na área da educação sendo que apenas parte é financiada pelo Ministério da Educação. 

Todos anos são anos de mudanças, este não será exceção, desde logo nas instalações. O concelho verá abrir, à partida lá para janeiro, um novo centro escolar, o da Linhaceira – terra onde, lembremos, temos ainda crianças a ter aulas em contentor por falta de instalações – e verá outras encerrar, nomeadamente o já anunciado caso do edifício Infante D. Henrique. 

Tomar tem esta característica de ter ainda muitas escolas dispersas pelo concelho com poucos alunos, o que muito complica não só a qualidade pedagógica, mas também a gestão logística – e claro, os custos associados que saem sempre dos nossos impostos. 

E na cidade, onde estão mais de metade dos alunos, temos instalações que de todo não nos orgulham e não são há muito condicentes com as exigências atuais e com aquilo que desejamos para uma cidade como Tomar, para as nossas crianças e quem com elas trabalha. Tenho-o afirmado todos os anos desde que há 6 sou o responsável autárquico pela educação, e já o lembrava antes. 

É obrigação de qualquer gestor público e neste caso, dos autarcas, tentar fazer a melhor utilização possível dos recursos existentes, e com eles prestar o melhor serviço possível. Dessa forma, há que conjugar essas instalações fisicamente deficitárias com as que, sendo excelentes, como a EB23 Santa Iria, estejam muito aquém das suas capacidades de utilização. É o que acontecerá. Sem dramas e “umbiguismos” ao jeito de “espuma dos dias”, mas com a responsabilidade de quem tem de planear por muitos anos. 

Até porque na cidade temos salas de aula a mais. Muitas. E a aumentar de ano para ano. 

Problemas existirão sempre para resolver. Mas neste novo ano o que importa é, com espírito sempre positivo, endereço votos de um novo ano letivo cheio de trabalho e sucesso para todos os da comunidade educativa, em particular à razão de tudo, aos alunos. 

Aos demais, a começar pela câmara e por mim, aos serviços municipais, às juntas de freguesia e a toda a comunidade, que saibamos trabalhar em conjunto e rumo aos mesmos objetivos. 

Que saibamos como comunidade educar para aquilo que cada vez mais conta: a cidadania, o profissionalismo, a felicidade e o humanismo.

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