quarta-feira, julho 25, 2012

coisas que o tempo não apaga

«Nós Estamos num Estado Comparável à Grécia

Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte.»

Eça de Queirós, in 'Farpas (1872)'

1 comentário:

templario disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Caro Dr. Hugo Cristóvão,

Deixo também aqui uma outra citação de Eça de Queirós, em jeito de apelo:

("Excerto de um artigo de jornalismo de Eça de Queiroz, de 24 de Março de 1867, Vol. 4, ´págs. 440/441, "Obras de Eça de Queiroz", Ed. Lello & Irmão)

"Esta é a ideia única, a que toda a imprensa se deve ligar, que se deve ensinar ao povo, que se deve pregar como o verbo de salvação. Destruir a maioria.

O Governo está levando o País à miséria pelo imposto, à estiolação pela centralização, ao fim da liberdade pelo começo da polícia e das instituições reacionárias. O Governo está abandonado pelo País e apoiado pela maioria. O Governo só tem a vida que a maioria lhe dá; os passos que ele dá para o mal, é ela quem os sustenta e os aplaude; o fim da maioria significa o fim do Governo; o fim do governo significa o fim da vexação.

Ora, será muito difícil ao País destruir a maioria? Não.

Os deputados da maioria são procuradores que atraiçoaram os seus constituintes.

O País pode cassar-lhes a procuração.

Se lha deu para que eles velassem pelo povo, e eles o estão vexando, tem o direito a chamá-los à acusação, a interrogar-lhes a consciência, e, se lá dentro encontrarem o negro gérmen da traição, cassar-lhes os mandatos"