Não é que eu goste de me armar em "aquele a quem a razão sempre assiste", mas a verdade é que quando era presidente da concelhia de Tomar do PS, entre muitas uma frase havia que eu bastante utilizava: "eu digo isso há mais de um ano".
Ora cai que nem gingas naquele tema que é sempre popular durante este mês de Setembro, para ser esquecido durante todo o resto do ano: o Instituto Politécnico de Tomar.
Mais uma vez está a acontecer (este ano com uma nuvem mais negra é certo, que vem lá dos lados de S. Bento), depois de serem conhecidos os habituais maus resultados da colocação de alunos da 1ª fase, vai-se falar disto mais uma semana ou duas, e depois daqui a um ano há mais.
Aliás, faz agora um ano que, como outras vezes já fizera, falei disso em Assembleia Municipal e houve até quem gozasse com o facto - o que é mostra de ignorância. Já no IPT parece que houve quem não gostasse de ver o assunto abordado em AM. Pois, é a velha mentalidade nabantina de achar que falar no problema é atrair mais problemas. Deve ser uma coisa de maus olhados ou assim, até a Câmara tem para quase tudo a mesma atitude. Quanto menos se falar melhor, pode ser que ninguém dê por isso...
Voltando ao ponto, a opinião da comunidade e das instituições em relação ao IPT bate quase sempre nos mesmos tópicos. Porque os professores são maus, porque são escolhidos como sabemos, porque os cursos não prestam, porque os alunos são refugo... enfim os velhos argumentos que na comunidade usamos e que têm tanto reflexos de verdade como de mentira conforme a perspetiva de onde olhamos. A questão é que enquanto comunidade (e aqui entra o município à cabeça como primeiro responsável por tudo o que à comunidade diz respeito) o que temos que fazer é preocuparmo-nos primeiro com aquilo que é nossa responsabilidade, e aceitarmos de vez aquilo que quase ninguém quer entender e por isso nunca faz parte das discussões em torno deste tema: quando um aluno escolhe uma instituição do ensino superior está também a escolher a cidade onde vai estudar!!
E nessa ótica a pergunta mais pertinente a fazer é: mas o que tem afinal Tomar para oferecer aos estudantes?!
O que fazemos em Tomar a pensar nos estudantes? Cultura, diversão noturna, festas académicas, comércio, atividades desportivas,...?
Calma, não comecem já a comparar-se com os concelhos à nossa volta (que mesmo para esses perdemos em muitas matérias), comparemo-nos sim, com outras cidades com ensino superior!
Ora, Tomar não tem sequer políticas de juventude, como eu e outros há muito reivindicamos!
Mas chega, estou a alongar-me e porque este vai ser o meu tema da crónica de amanhã na Hertz não digo agora mais nada, excepto, para fazer jus ao "já digo isso há mais de um ano", republicar em seguida três posts sobre o assunto.
Terça-feira, Maio 10, 2011
nós falamos, eles fazem
"Semana Académica do Algarve transforma-se em festival"
"A edição deste ano da Semana Académica do Algarve transforma-se em festival e muda-se a partir de sábado, para o local onde no Verão decorre a Concentração Motard de Faro"... ler mais no Sol Online
Isto sim, são semanas académicas que querem envolver a comunidade e com a participação dessa e das entidades públicas que percebem que os estudantes e as suas actividades são uma mais valia para todo o concelho onde existam, contribuindo por exemplo, para mais uns eventos no cartaz turístico anual.
Já em Tomar, à parte quem tenha passado por acaso pela zona da ponte velha no dia dos mergulhos para o rio, alguém deu pela semana académica? Alguém me consegue dizer um nome que seja de um grupo ou artista que cá tenha vindo?
E já agora, quantas pessoas que não sejam alunos do IPT, conseguem dizer onde se realizou o evento?
E depois vem aquela malta muito importante dizer que sim "o politécnico é muito importante", sim "é preciso apoiar o politécnico", sim "estreitar as ligações entre o politécnico e a comunidade" - jamais, fundir ou extinguir ou o que quer que seja o politécnico!...
O Politécnico é os seus alunos! Não existe sem eles! Quando é que metem isto na cabeça?!
Terça-feira, Abril 19, 2011
Ensino Politécnico no distrito
A minha opinião, sucinta, publicada no jornal Cidade de Tomar de 15 de Abril (em conjunto com outras personalidades - não que eu seja uma!), em resposta às 3 questões colocadas:
"1 - Acha que existem vantagens com a fusão ou reorganização do IPT com o Instituto Politécnico de Santarém? 2 - Adviriam vantagens, para Tomar e concelhos onde se implanta o IPT, nos aspectos científicos, económicos ou culturais, com esta fusão ou reorganização? 3 - Será curial, no século XXI, a centralização dos Institutos Politécnicos, nas capitais de distrito, no caso dos Politécnicos do Ribatejo, em Santarém?"
(...)
Portugal tem, como a outros níveis, também ao nível do Ensino Superior um problema de excesso e novo riquismo. Nos anos 90, deslumbrados com os dinheiros europeus e numa bacoca onda provinciana, também como forma de criar postos de trabalho bem renumerados muitas vezes a quem não tinha qualidade para tal, permitiu-se uma proliferação de instituições por tudo o que era quintal autárquico. Hoje temos uma rede de ensino superior claramente excessiva para a dimensão do nosso país e dos nossos impostos.
Essa realidade virá forçosamente a transformar-se, contraindo-se, o que ditará a fusão e provável extinção de algumas dessas instituições, o que se tem já verificado ao nível dos privados.
Dito isto, sobre os Institutos Politécnicos de Tomar e Santarém, os quais conheço com razoabilidade, as perguntas colocadas ainda que subjectivas quase se respondem a si mesmas. Se há vantagens na fusão? Em teoria sim, porque o que é maior é em princípio mais forte; Vantagens advindas da fusão, para Tomar ou outros concelhos? Em princípio é indiferente, não é o serem dois distintos ou um só agrupado que faz a diferença ao nível local; A última questão tem por base a tal guerra de capelinhas, tão responsável no nosso país por tanto disparate, e como tal não faz sentido pensar as coisas nesses termos. Até porque isso das capitais de distrito também tem os dias contados.
As questões essenciais são outras, e particularmente em relação a Tomar, a primeira grande questão é a de mudar a cultura reinante e a forma de actuação, do Município, do Politécnico, e da comunidade em geral.
O facto é que o IPT é (a par com o Hospital) o maior empregador directo do concelho de Tomar, e isoladamente o maior indirecto, contribuindo também de forma generalizada para a economia local com o consumo nas lojas, na restauração, com o aluguer de quartos – como já afirmei muitas vezes, é o maior ganha-pão do concelho.
Ora, indiferente a isto, Tomar tem, entre outros, um problema acrescido em relação à generalidade dos outros Politécnicos: a pouca interligação entre Politécnico e Município, um estar genericamente de costas voltadas claramente perceptível particularmente ao longo da última década. À boa portuguesa, gosta-se muito de chorar sobre o leite derramado, mas nada fazer previamente para o evitar. E o leite pode estar próximo de se entornar.
O futuro das instituições de Ensino Superior do nosso distrito pode ser incerto, mas com certeza que quando alterações vierem a ser introduzidas, além de outros critérios, neles estarão certamente o número de alunos, a qualidade dos cursos, a taxa de empregabilidade desses cursos.
E nessa como noutras matérias, o Município e Câmara que o gere, não pode continuar a lavar as mãos como se nada tivesse que ver com isto, não se pode por exemplo continuar a tratar os alunos como miúdos que vêem para a cidade fazer barulho e lixo, e ter discussões absolutamente ridículas, sobre se podem ou não utilizar a Praça da República ou o Cine-teatro. É que na hora de escolher uma instituição de ensino superior, a cidade onde esta está conta muito – que ofertas tem, que ambiente académico lá se vive – e por isso mesmo assistimos à generalidade dos municípios onde existe ensino superior a oferecer o melhor de si, os espaços mais nobres, apoio financeiro e logístico aos alunos, que são sempre o maior grupo de embaixadores em permanência de uma cidade; enquanto em Tomar assistimos ao empurrar cada vez mais notório dos alunos da cidade para interior do campus. Onde se vai realizar por exemplo a Semana Académica? Que actividades são promovidas em parceria de instituições locais com o IPT, que envolvam efectivamente os alunos? Que actividades promove o Município dirigidas particularmente aos alunos do IPT?
O que deve preocupar o Município e a comunidade em geral não são questões menores ou de semântica, não é se o Politécnico se chama de Tomar, Santarém ou outra coisa qualquer, o que a todos nos deve preocupar é: o que fazemos se se reduzirem ou deixarmos de ter alunos de ensino superior em Tomar?
Segunda-feira, Abril 26, 2010
A semana académica de Tomar...
...já começou.
O fraco cartaz deste ano, só pode mesmo ser sintomático do que estará a acontecer ao IPT, entre outras coisas, a redução de alunos.
Em Tomar, em vez de perceber esta realidade, e antever uma realidade sem politécnico ou sendo este um mero polo e portanto mais pequeno, de uma outra coisa qualquer, o sentimento mais comum que a comunidade tem para com os alunos do IPT, a começar por alguns responsáveis autárquicos, é o de os tratar como marginais que precisam de ordem e acima de tudo, de estar longe para não chatear.
Quando perceberem que o IPT é um dos dois maiores empregadores do concelho, e que a falta dos alunos fará faltar o dinheiro das rendas (quase todas não deduzidas...), o dinheiro nos cafés e nos restaurantes, no supermercado, a diminuição de professores e demais funcionários, etc, etc, talvez percebam então o que falhou. (Ou provavelmente não. Em Tomar raramente se percebe o que falha ou falhou, mesmo quando salta à vista de qualquer imbecil).
Mas como tantas outras coisas em Tomar, tarde demais.
Alguns pormenores ficam para quem quiser reflectir sobre eles, que eu podia escrever mais, mas a esta hora não me apetecem dores de estômago.
Que facilidades ou dificuldades foram criadas à(s) Associações de Estudantes?
Porque deixou a serenata de ser na Praça da República como sempre foi?
Eu que conheço muitas outras cidades académicas, e em nenhuma que me lembre (há excepção de casos isolados em Lisboa, onde não há propriamente uma semana académica, mas várias), a semana se realiza no espaço isolado e "restrito" do próprio campus universitário, pelo contrário, esse é um momento de trazer a "universidade" até à comunidade onde está inserida. Porque se terá então a semana académica nabantina confinado este ano ao espaço do IPT?
E porque ninguém discute estas coisas?
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