Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues (1904 - 1993)
1 comentário:
Chegado ao fim e ao cabo da leitura do seu documento de "despedida" (post anterior), percebi que lhe faltou a liberdade cantada neste poema ("Livre"...), optando (porque razão?!) por deixar ocultos os reais motivos - no subterrâneo.
Não é difícil, porém, interpretar a sua criptografia, nem no post anterior nem neste poema; prefere manter-se fiel e respeitador de um certo esoterismo cultivado por punhados de militantes que em muitas estruturas do PS imperam, para prejuízo da nossa democracia e do nosso país.
Faltou-lhe coragem, sim, para uma exposição didática, liberta de preocupações crípticas. Os tomarenses agradeciam.
Percebe-se tudo o que ocultou, mas cabe ao Dr. Hugo Cristóvão escarrapachá-lo.
Mau serviço, Dr. Hugo, a começar logo pela atitude que tomou e que lamento.
Um abraço.
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