texto publicado no suplemento "obras em casa" na edição de hoje do jornal Cidade de Tomar.
Se o setor da construção estava em grande crescimento até ao início de 2020, a pandemia que surpreendeu o mundo não afetou essa dinâmica e em alguns casos até a parece ter reforçado. Em Tomar, são muitos os processos que todos os dias dão entrada ao balcão (físico ou digital) do município.
Antes de comprar ou de iniciar
obras deve sempre informar-se do que pode ou não fazer, de que licenças ou
outros documentos necessita. Se a legislação existe há muitos anos,
particularmente na última década e depois da crise de 2009 tornou-se, assim
como a fiscalização, muito mais exigente.
Ao longo destes anos tornou-se
praticamente impossível, e é assim que deve ser, fazer uma escritura se toda a
documentação de um imóvel e as edificações que lá existam não estejam
totalmente regularizadas.
É verdade que há obras não
sujeitas a licença, as que a Lei define como de “escassa relevância
urbanística”, mas deve ter muito cuidado em informar-se bem, não vá arranjar problemas
durante a obra, ou anos mais tarde quando quiser fazer uma qualquer escritura.
Não confie demasiado em técnicos ou empreiteiros que apresentem muitas
facilidades nessa matéria, e peça mais que uma opinião ou orçamento.
Os serviços de urbanismo municipal
explicam todas as necessidades e condicionantes mediante marcação de
atendimento. E se necessitar de um documento formal que ainda para mais lhe
garante que essa informação é válida durante um ano, mesmo que a legislação se
altere, deve submeter um PIP (pedido de informação prévia) sobre o que pode ou
não fazer num terreno ou num imóvel já existente – não tem que ser proprietário
para o fazer!
Deve sempre procurar um técnico
habilitado, engenheiro ou arquiteto. Se não arranca um dente num vão de escada,
assim deve ser também no que toca a projetos.
Os técnicos habilitados são quem
assina os termos de responsabilidade, e quem está apto a interpretar a
legislação e regulamentação existente, e deve também informar sobre o que pode
ou não fazer ou a forma de enquadrar a sua pretensão.
Infelizmente, é preciso dizê-lo, se
a maioria dos profissionais são competentes, há ainda um ou outro nem sempre é
totalmente correto nas informações que presta aos clientes, seja da área
técnica como dos solicitadores ou das imobiliárias. É sempre mais fácil dizer
que o município demora muito a responder (quando por vezes o projeto nem
submetido está), ou que o município não aprova um projeto ou não passa uma
certidão porque não quer – quando o município só pode atuar, obviamente, no
estrito cumprimento da Lei. E os profissionais têm obrigação de o saber, é para
isso que cobram aos clientes.
E que fique claro, quando tudo
dum processo é submetido corretamente e é legalmente atendível, os prazos são
em regra céleres.
Também na fase de construção deve
procurar empreiteiros e profissionais habilitados. Uma vez mais a ideia de não
procurar “curiosos de vão de escada” se aplica. E lembre-se, por vezes procurar
apenas o mais barato pode sair caro.
Há outros cuidados a ter (uma vez
mais os técnicos têm obrigação de saber), por exemplo com o espaço público
nomeadamente com a colocação de andaimes, veículos, estaleiro ou outros: é
sempre necessária licença prévia.
Ainda, por exemplo na relação com
os vizinhos, especialmente se a obra for em prédio coletivo, ou ter atenção por
exemplo ao período de execução das obras. Fora dos horários de ruído
permitidos, nomeadamente noite, fim de semana ou feriados, só se for passada
uma licença especial de ruído. Lembre-se que os direitos de terceiros estão
protegidos.
No essencial, comprar ou fazer
obras pode ser um processo simples ou uma grande dor de cabeça – tudo começa na
forma como se prepara e quem escolhe para ajudar nessas tarefas.
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