Texto publicado na edição de aniversário do jornal Cidade de Tomar de 19 de março
Ao longo dos seus 86 anos o jornal Cidade de Tomar
conquistou o estatuto de instituição de referência com distinto papel na
comunidade, quer como órgão de comunicação social que informa e transmite
opinião individual ou institucional, como também agente que liga a comunidade local,
e com esta muitos daqueles que estando longe têm neste veículo uma âncora para
a sua terra.
Não menos importante, referência na preservação da memória da comunidade ao longo deste quase século.
Como cidadão e ex dirigente associativo, ou como autarca e líder partidário, não posso deixar de destacar o pluralismo, retratando ou dando voz a todo o espetro partidário, desportivo, cultural ou outro.
Naturalmente os tempos são de mudança acelerada e as novas tecnologias vieram trazer novos hábitos, bem como novos desafios - e nem sempre melhores.
Como costumo dizer, a rádio não substituiu a imprensa, a TV
não substituiu ambos, e agora a internet e as redes sociais não substituirão as
plataformas anteriores.
Há é a necessidade de trabalho conjunto e de complementaridade. As redes estão claramente mais vocacionadas para o imediato; as demais plataformas, nomeadamente a imprensa, mais para a reportagem de fundo, a história desenvolvida, os textos de opinião e, cada vez mais necessário, a confirmação dos factos que as redes sociais colocam a circular.
De facto, a voracidade e imediatidade das redes sociais,
onde a maioria não vê mais que um título e uma foto deslizando por debaixo do
dedo usado para indicador no ecrã do telefone (e até as imagens são facilmente
manipuladas), permitem todo o tipo de veiculação de estórias que vão da
“cusquice” à intenção deliberada de enganar ou manipular os outros através de
falsas notícias.
E uma sensação grande de impunidade que aos poucos, mas
lentamente, começará a alterar-se e a ter consequências para os prevaricadores
– mas para já vai tendo efeitos na Democracia – vejam-se casos mundiais como
Trump ou Bolsonaro, produtos dessas notícias falsas, que também existem ao
nível nacional e local.
Tomar é um exemplo disso, diariamente numa página em particular, mas também com outras pessoas e perfis falsos, são colocadas a circular “notícias” muitas vezes grandemente manipuladas e por vezes totalmente inventadas, mas que enganam e influenciam os mais distraídos.
Ora, com essa torrente das falsas notícias a inundar as
redes sociais, a comunicação social pelo mundo fora, e em Portugal isso é
também já uma realidade, está a ganhar uma nova função.
Paral além do tradicional papel de informar, está também a crescer
o de confirmar ou corrigir as mentiras e manipulações que são colocadas a
circular e partilhadas na tal imediatidade de quem só vê títulos e imagens.
É tempo, é necessário, que a informação local o comece a fazer também, desmascarando quem rouba o seu espaço sério de informação e o transforma em algo que contribui para a menor clarividência, democratização e progresso das comunidades.
Parabéns ao jornal, aos seus proprietários, funcionários e
colaboradores. Continuem resilientes nas adversidades e a levar informação aos
nabantinos em Tomar e no mundo.
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