segunda-feira, março 22, 2021

86 anos ao serviço da memória da comunidade

Texto publicado na edição de aniversário do jornal Cidade de Tomar de 19 de março

Ao longo dos seus 86 anos o jornal Cidade de Tomar conquistou o estatuto de instituição de referência com distinto papel na comunidade, quer como órgão de comunicação social que informa e transmite opinião individual ou institucional, como também agente que liga a comunidade local, e com esta muitos daqueles que estando longe têm neste veículo uma âncora para a sua terra.

Não menos importante, referência na preservação da memória da comunidade ao longo deste quase século.

Como cidadão e ex dirigente associativo, ou como autarca e líder partidário, não posso deixar de destacar o pluralismo, retratando ou dando voz a todo o espetro partidário, desportivo, cultural ou outro.

Naturalmente os tempos são de mudança acelerada e as novas tecnologias vieram trazer novos hábitos, bem como novos desafios -  e nem sempre melhores.

Como costumo dizer, a rádio não substituiu a imprensa, a TV não substituiu ambos, e agora a internet e as redes sociais não substituirão as plataformas anteriores.

Há é a necessidade de trabalho conjunto e de complementaridade. As redes estão claramente mais vocacionadas para o imediato; as demais plataformas, nomeadamente a imprensa, mais para a reportagem de fundo, a história desenvolvida, os textos de opinião e, cada vez mais necessário, a confirmação dos factos que as redes sociais colocam a circular.

De facto, a voracidade e imediatidade das redes sociais, onde a maioria não vê mais que um título e uma foto deslizando por debaixo do dedo usado para indicador no ecrã do telefone (e até as imagens são facilmente manipuladas), permitem todo o tipo de veiculação de estórias que vão da “cusquice” à intenção deliberada de enganar ou manipular os outros através de falsas notícias.

E uma sensação grande de impunidade que aos poucos, mas lentamente, começará a alterar-se e a ter consequências para os prevaricadores – mas para já vai tendo efeitos na Democracia – vejam-se casos mundiais como Trump ou Bolsonaro, produtos dessas notícias falsas, que também existem ao nível nacional e local.

Tomar é um exemplo disso, diariamente numa página em particular, mas também com outras pessoas e perfis falsos, são colocadas a circular “notícias” muitas vezes grandemente manipuladas e por vezes totalmente inventadas, mas que enganam e influenciam os mais distraídos.

Ora, com essa torrente das falsas notícias a inundar as redes sociais, a comunicação social pelo mundo fora, e em Portugal isso é também já uma realidade, está a ganhar uma nova função.

Paral além do tradicional papel de informar, está também a crescer o de confirmar ou corrigir as mentiras e manipulações que são colocadas a circular e partilhadas na tal imediatidade de quem só vê títulos e imagens.

É tempo, é necessário, que a informação local o comece a fazer também, desmascarando quem rouba o seu espaço sério de informação e o transforma em algo que contribui para a menor clarividência, democratização e progresso das comunidades.

Parabéns ao jornal, aos seus proprietários, funcionários e colaboradores. Continuem resilientes nas adversidades e a levar informação aos nabantinos em Tomar e no mundo.

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