Nem a propósito das recentes encrencas do fcbk, o meu artigo da edição de aniversário do jornal Cidade de Tomar, de 16 de março, e em resposta ao tema: a imprensa nos tempos das redes sociais.
Falar da imprensa nos tempos das redes sociais, é antes de mais sublinhar a importância da comunicação social séria. Já quando há década e meia frequentei o mestrado em Ciências da Comunicação, estes temas eram abordados com preocupação. Vivemos agora naquilo que os teóricos referem como o tempo da pós-verdade, uma vez que as opiniões públicas são inundadas com notícias falsas e manipulativas.
Sendo fenómeno global e nacional, podemos observá-lo ao nível local.
Entre muitos exemplos que poderíamos invocar no nosso universo nabantino, uns mais risíveis, outros profundamente sérios, uso este como exemplo: recentemente alguém pôs a circular uma história tão falsa como ridícula, alegando que a Presidente de Câmara teria sido agredida por uma cidadã, aquando da demolição de barracas numa zona na cidade, quando não só a Presidente não esteve no local como é público que nesse dia estava reunida com outros presidentes de câmara e um Secretário de Estado.
Mas há sempre quem partilhe, comente, faça as mais inflamadas afirmações, sem dedicar 30 segundo de inteligência ou mera sensatez a refletir, ou mesmo sem sequer ler aquilo que está a partilhar. A internet está inundada de disparates e flagrantes falsidades.
Ora, não podem as instituições e os seus responsáveis passar a vida a desmentir, corrigir estas situações, pelo enorme consumo de tempo que obrigaria, e porque seria até forma de valorizar esses terroristas da desinformação. E por isso, regra geral, ignora-se.
No nosso contexto nabantino, a exemplo de outras escalas, temos inclusivamente quem o faça de forma regular e persecutória, sendo o caso mais flagrante um blogue (Tomar na rede) na maioria fomentado por um ex diretor de um jornal (e ex funcionário da câmara, diga-se) que de forma sistemática manipula histórias para tentar atingir alguns políticos ou instituições, particularmente a nós na câmara e aos funcionários municipais.
Ora, nestes tempos, a comunicação social séria, com profissionais formados, com regras, com deontologia, com a obrigação de confirmar factos, de procurar contraditório, de sustentar afirmações, deve ser, antes de mais, o garante do pluralismo e do rigor da informação.
Ou não fosse desde o século XIX, por via da imprensa considerado o 4º poder (e muitas vezes tem sido o primeiro), precisamente como forma de vigilância e perscrutação sobre os poderes políticos (executivo e legislativo) e judicial, mas também como forma de atuação sobre a sociedade no seu todo.
E se assim for, estou certo, com adaptações naturais, a imprensa saberá manter-se pertinente e encontrar até novos públicos, da mesma forma que a rádio sobreviveu à televisão, e a televisão, com mudanças, saberá resistir à internet.
Mas começa por nós, consumidores. Na linha do que antes afirmei, da mesma forma que não aceitamos que qualquer pessoa nos arranque um dente, também não devemos aceitar que qualquer pessoa nos impinja “notícias”.
É responsabilidade de todos nós cidadãos livres, pensantes, com apego à verdade e liberdade com regras, sabermos a bem da cidadania e salubridade mental coletiva, ignorar e repudiar quem prevarica e, em casos mais gritantes e graves, denunciar.
Porque, como diria um amigo presidente de câmara do nosso distrito, idiotas sempre os houve, as redes sociais vieram dar-lhes amplitude de expressão – e é dever de todos nós diminuí-la, acrescento eu.
Aproveito esta missiva para desejar um excelente aniversário ao jornal Cidade de Tomar, e que seja cada vez mais um exemplo daquilo que referi sobre a comunicação social séria, desejo esse obrigatoriamente extensível a todos os profissionais e colaboradores que mantêm o jornal a cumprir a sua missão. Que o façam por muitos e bons anos!
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