Sede do município nabantino (foto: Rádio Cidade de Tomar) |
Aproveitando o facto deste blogue andar
muito depauperado (por falta de tempo e vontade), e sentir dever
deixar uma análise pública da minha leitura pessoal sobre as
últimas eleições autárquicas, aqui fica então, hoje que é o
último dia oficial do mandato 2009/2013, uma ainda assim pequena e
pouco aprofundada análise, que não me apetece dizer mais que isto,
sobre as eleições autárquicas no concelho de Tomar.
Os resultados eleitorais desta última
contenda mostraram algumas coisas que a mim já me pareciam óbvias
mas que agora parecem ter sido provadas.
Estas últimas eleições e a escolha
dos eleitores, desconfiados e pouco motivados pela gestão local e
nacional, cada vez mais descrentes dos políticos em geral, foi muito
feita com base no «quem comete menos erros», e claramente o PSD e
os IPT cometeram muitos.
É dos livros, o poder raramente se
ganha, quase sempre se perde, e o PSD perdeu claramente. Pelas
políticas e gestão errada e sinuosa destes dezasseis anos e pelo
desgaste inerente, mas também muito por erros mais concretos.
Não falarei da composição das listas
porque nesse capítulo ninguém está imaculado, mas a escolha de
Carlos Carrão foi objetivamente um erro. Bem como a sua ligação a
Relvas e a imposição à estrutura local (que em todo o caso
rapidamente aceitou tudo como se tudo fosse normal);
As mentiras sucessivas, que começaram
ainda antes do início deste mandato, quando todos sabiam que Corvêlo
sairia a meio e no entanto negaram sempre o que depois se confirmou.
Mas também muitas das que tanto Corvêlo como depois Carrão
tentaram fazer passar.
Bem me lembro de Corvêlo a “jurar”
em Assembleia Municipal que, claro que sim, claro que existe projeto
museológico para a Levada – e hoje, quatro anos depois ainda
ninguém o viu; ou Carrão a afirmar que tinha um parecer para poder
candidatar o Município ao PAEL mesmo depois de chumbado em AM, entre
várias outras. Foram tantas e quase regulares, que até parecia que
mentir era normal, mas não o pode ser.
E depois esquecem o básico, os provérbios não existem por acaso, a mentira tem perna curta.
E depois esquecem o básico, os provérbios não existem por acaso, a mentira tem perna curta.
E os erros da campanha
propriamente dita. O PSD, ou muitos nele, mostraram ter perdido a
noção da realidade pela maneira como acreditaram que,
particularmente a Câmara e a Freguesia da cidade estavam ganhas.
Presunção cada um toma a que quer...
Mas no caso da Freguesia da cidade junta-se outro erro claro, e além disso eticamente deplorável. A forma como tentaram fazer passar para uma parte significativa do eleitorado, a ideia de que o candidato seria na verdade o ainda presidente António Rodrigues e não o real candidato Rui Costa. Ora, a maioria das pessoas, ao contrário do que alguns políticos pensam, não gosta de ser enganada.
Mas no caso da Freguesia da cidade junta-se outro erro claro, e além disso eticamente deplorável. A forma como tentaram fazer passar para uma parte significativa do eleitorado, a ideia de que o candidato seria na verdade o ainda presidente António Rodrigues e não o real candidato Rui Costa. Ora, a maioria das pessoas, ao contrário do que alguns políticos pensam, não gosta de ser enganada.
Depois, além de mais, provou-se que:
Não adiantam grandes parafernálias de
outdoors, como fez a lista “independente” (quantas largas dezenas
seriam mesmo, espalhadas pelos recantos mais ínfimos do concelho?!);
Não adiantam as promessas de última
hora de novas obras, investimentos e outras fantasias, ou obras
apressadas e mal planeadas feitas quase no próprio dia das
eleições;
Não adianta o folclore exagerado da
campanha, como ter carros de som a correr a cidade o dia inteiro,
todos os dias, ou ter o presidente de câmara a visitar lares ou
candidatos seniores a distribuir jornais à porta de escolas;
Tudo isso e mais, não adianta nada
como, estou totalmente seguro, só provoca e hostiliza a grande
maioria dos eleitores, que não são os tolinhos que alguns políticos
deles julgam.
Sobre as vitórias, do PS não falarei para não correr o risco de não ser isento, ressalvando apenas a
mais que justa vitória de Augusto Barros e da sua equipa na freguesia da cidade. Os
eleitores fizeram “justiça pelas próprias mãos”.
(Ressalvo também uma certa tristeza pelo que aconteceu em Além da Ribeira/Pedreira, onde uma lista independente apareceu apenas para dar a vitória a quem não a teria de outra forma. Mais um embuste)
(Ressalvo também uma certa tristeza pelo que aconteceu em Além da Ribeira/Pedreira, onde uma lista independente apareceu apenas para dar a vitória a quem não a teria de outra forma. Mais um embuste)
Sobre a CDU e Bruno Graça em
particular, que são vistos como grandes ganhadores, digo também
apenas isto: sim, elegeram um vereador, mas uma análise fria
mostrará que tiveram apenas mais 160 votos que há quatro anos
atrás. Milagres do método de Hondt.
E por fim, vem o mau perder de alguns.
A confirmar-se, é mais uma para mostrar que não, nós nunca podemos
pensar que já vimos tudo por mais anedótico que seja. Parece que
hoje o PSD e os IPT vão anunciar uma espécie de coligação. Mas
uma coligação para quê? Uma coligação da oposição? Em torno de
quê, de estar contra?!!
Os umbigos e o mau perder são um veneno poderosíssimo que tolda as mentes dos mais desesperados. Todos sabíamos que (tal como já o faziam) o fariam na prática, mas anunciá-lo?! Parece que estamos mesmo a viver numa dimensão qualquer surreal onde impera o disparate, não basta o que ouvimos todos dias do governo, parece que localmente para o PSD e também para Pedro Marques, o buraco em que ficaram não é suficientemente fundo.
Os umbigos e o mau perder são um veneno poderosíssimo que tolda as mentes dos mais desesperados. Todos sabíamos que (tal como já o faziam) o fariam na prática, mas anunciá-lo?! Parece que estamos mesmo a viver numa dimensão qualquer surreal onde impera o disparate, não basta o que ouvimos todos dias do governo, parece que localmente para o PSD e também para Pedro Marques, o buraco em que ficaram não é suficientemente fundo.
E amanhã, tomada de posse da
Assembleia de Freguesia da cidade onde se anuncia que poderemos
assistir a mais algumas demonstrações desse umbiguismo e mau perder. Aguardemos.
E sobre eleições da minha parte estamos conversados. Agora é hora de trabalho.
E sobre eleições da minha parte estamos conversados. Agora é hora de trabalho.
1 comentário:
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
- Miguel Torga
Votos de bom trabalho!
s.a.
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