segunda-feira, março 11, 2013

Vergonha!


Publicado no jornal Cidade de Tomade 8 de março.
Entretanto, esta sexta pelas 17h, nova reunião da Assembleia Municipal de Tomar...

Já algumas vezes manifestei que sinto em momentos vergonha por ser autarca em Tomar. No último dia de Fevereiro, na reunião da Assembleia Municipal, foi mais um desses momentos.
O PSD nabantino e os seus principais dirigentes, agora encabeçados por Carlos Carrão, convivem mal com a democracia, e estão habituados a contornar, senão mesmo ignorar as Leis e regras da forma que melhor servir os seus intentos, e não aceitam que possam existir ideias, opiniões ou vontades diferentes e que essas possam ter supremacia sobre as suas.

Na última assembleia – e registe-se, esta não é de todo a questão mais importante que há para resolver em Tomar, mas ainda assim – deu entrada (ainda que não fosse a melhor forma de o fazer) um requerimento para destituir a mesa da assembleia e particularmente o até aqui presidente, Miguel Relvas.
A questão é maior que o simples ditame dos artigos e números da Lei x ou do regulamento y, até porque, como já referi, e se tem comprovado continuadamente e em questões bem mais graves (como na ilegal aprovação do último pedido empréstimo, o PAEL, feito com base na mentira), a “lei” que interessa a Carlos Carrão é a que der jeito às suas vontades.

Na última assembleia, a oposição finalmente unida, disse basta e mostrou ao PSD o óbvio: se não querem aceitar a vontade da maioria, se não aceitam nenhuma opinião contrária, se tudo querem fazer à vossa maneira, então fiquem sozinhos a discutir!
Há na assembleia uma maioria que não se revê nas posições políticas, bem como nas ausências e falta de representação do órgão que a atuação pouco dignificante de Relvas tem provocado e, o essencial bom senso e a vontade de discutir e tentar resolver os maiores e mais importantes problemas deveria aceitar esse facto de forma natural e seguir em frente. Nesta como em qualquer assembleia, seja ela política, associativa ou do que quer que seja, é assim, a maioria decide.
Estou aliás perfeitamente convencido, que a larga maioria dos nabantinos também não reconhece nem quer ter Miguel Relvas como seu primeiro representante. E essa é a primeira e mais nobre função do Presidente de uma Assembleia Municipal.

Em Tomar o PSD não quer que assim seja e, tentando apenas protelar o que não tem retorno, com os seus conflitos próprios à mistura como ficou bem patente, envergonha todos os que têm vontade de fazer qualquer coisa por Tomar.
Percebemos todos essas dificuldades. Todos os efeitos da gestão ou falta dela que mancham a atuação da última década e meia e que se traduzem na realidade cinzenta que o concelho atravessa, confirmado com os dados estatísticos, por exemplo na fuga da população em particular dos mais jovens, na dívida do município, na obras inúteis e, traço geral, na pior qualidade de vida no concelho.
Mas também nos responsáveis que foram saindo deixando atrás de si este estado de coisas, de Paiva a Corvêlo, com o mandante Relvas e o permanente Carrão, que causam descrédito ao partido e desconforto, desde logo entre os próprios simpatizantes sociais democratas, além dos conflitos internos e divergências conhecidas.
Derrotaram Carrão e sempre afirmaram que este não seria o candidato, mas não só vai sê-lo como ao que consta será seguido pelo actual presidente de concelhia, seu até aqui adversário. Mas que grande flexibilidade de coluna que por ali vai… A realidade é como é, por mais que se tente mascará-la com diferentes cores. E os responsáveis têm rostos e nomes.

Mas tudo isto é mau para Tomar e para os tomarenses. O que Tomar precisa, e o exemplo deve vir em primeiro dos responsáveis políticos eleitos em nome de todos, é de se centrar nos consensos possíveis, de se focar nos principais (e grandes) problemas a resolver. Precisa que todos tenham a capacidade de se ouvir mutuamente, de se sentar e conversar, discutir, chegar a entendimentos, decidir e resolver. Inteligência, capacidade, vontade e bom senso.
A mim, o confronto apenas pelo confronto não me traz qualquer espécie de prazer. Enquanto se tratar quem tem ideias diferentes como inimigos a abater; enquanto se continuar a olhar para a política como se de um campeonato de futebol se tratasse, com claques inconscientes que apoiam ou condenam com base na cega fé; enquanto imperar a lógica de “o que é nosso é tudo bom, dos outros é tudo mau”, não sairemos deste ciclo e Tomar continuará a afundar-se.

E há tanto para resolver: emprego, comércio, revitalização do centro histórico, PDM, questões sociais; Flecheiro, Levada, Convento de Stª Iria, Mercado, apoio e coordenação estratégica do associativismo como motor de desenvolvimento económico e produção de eventos… Enfim, um elenco vário de reais problemas para os quais muito se fala mas nada se faz.
Não podemos estar sempre todos de acordo, não é possível e provavelmente, nem seria desejável. Mas é necessário que saibamos argumentar com responsabilidade mantendo a elevação e respeitabilidade das discussões, que saibamos distinguir o importante do acessório, que valorizemos quem de facto quer trabalhar com e para o bem comum.

A política e a gestão pública não pode ser uma mera e inconsequente feira de vaidades ou de egos inflamados, nem uma luta fratricida de meras siglas partidárias.
Saibamos todos, desde os eleitos e candidatos a sê-lo, bem como toda a restante comunidade, estar à altura dos desafios do nosso tempo no enfrentar consciente e responsável dos problemas presentes e na capaz construção de um futuro que, como aqueles que nos antecederam, nos permitam não só continuar a viver bem nesta terra, mas igualmente a nela ter orgulho.
Por Tomar e pelos tomarenses, das atitudes às ações, exige-se mudança.

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