Entretanto, esta sexta pelas 17h, nova reunião da Assembleia Municipal de Tomar...
Já algumas vezes manifestei que sinto
em momentos vergonha por ser autarca em Tomar. No último dia de
Fevereiro, na reunião da Assembleia Municipal, foi mais um desses
momentos.
O PSD nabantino e os seus principais
dirigentes, agora encabeçados por Carlos Carrão, convivem mal com a
democracia, e estão habituados a contornar, senão mesmo ignorar as
Leis e regras da forma que melhor servir os seus intentos, e não
aceitam que possam existir ideias, opiniões ou vontades diferentes e
que essas possam ter supremacia sobre as suas.
Na última assembleia – e registe-se,
esta não é de todo a questão mais importante que há para resolver
em Tomar, mas ainda assim – deu entrada (ainda que não fosse a
melhor forma de o fazer) um requerimento para destituir a mesa da
assembleia e particularmente o até aqui presidente, Miguel Relvas.
A questão é maior que o simples
ditame dos artigos e números da Lei x ou do regulamento y, até
porque, como já referi, e se tem comprovado continuadamente e em
questões bem mais graves (como na ilegal aprovação do último
pedido empréstimo, o PAEL, feito com base na mentira), a “lei”
que interessa a Carlos Carrão é a que der jeito às suas vontades.
Na última assembleia, a oposição
finalmente unida, disse basta e mostrou ao PSD o óbvio: se não
querem aceitar a vontade da maioria, se não aceitam nenhuma opinião
contrária, se tudo querem fazer à vossa maneira, então fiquem
sozinhos a discutir!
Há na assembleia uma maioria que não
se revê nas posições políticas, bem como nas ausências e falta
de representação do órgão que a atuação pouco dignificante de
Relvas tem provocado e, o essencial bom senso e a vontade de discutir
e tentar resolver os maiores e mais importantes problemas deveria
aceitar esse facto de forma natural e seguir em frente. Nesta como em
qualquer assembleia, seja ela política, associativa ou do que quer
que seja, é assim, a maioria decide.
Estou aliás perfeitamente convencido,
que a larga maioria dos nabantinos também não reconhece nem quer
ter Miguel Relvas como seu primeiro representante. E essa é a
primeira e mais nobre função do Presidente de uma Assembleia
Municipal.
Em Tomar o PSD não quer que assim seja
e, tentando apenas protelar o que não tem retorno, com os seus
conflitos próprios à mistura como ficou bem patente, envergonha
todos os que têm vontade de fazer qualquer coisa por Tomar.
Percebemos todos essas dificuldades.
Todos os efeitos da gestão ou falta dela que mancham a atuação da
última década e meia e que se traduzem na realidade cinzenta que o
concelho atravessa, confirmado com os dados estatísticos, por
exemplo na fuga da população em particular dos mais jovens, na
dívida do município, na obras inúteis e, traço geral, na pior
qualidade de vida no concelho.
Mas também nos responsáveis que foram
saindo deixando atrás de si este estado de coisas, de Paiva a
Corvêlo, com o mandante Relvas e o permanente Carrão, que causam
descrédito ao partido e desconforto, desde logo entre os próprios
simpatizantes sociais democratas, além dos conflitos internos e
divergências conhecidas.
Derrotaram Carrão e sempre afirmaram
que este não seria o candidato, mas não só vai sê-lo como ao que
consta será seguido pelo actual presidente de concelhia, seu até
aqui adversário. Mas que grande flexibilidade de coluna que por ali
vai… A realidade é como é, por mais que se tente mascará-la com
diferentes cores. E os responsáveis têm rostos e nomes.
Mas tudo isto é mau para Tomar e para
os tomarenses. O que Tomar precisa, e o exemplo deve vir em primeiro
dos responsáveis políticos eleitos em nome de todos, é de se
centrar nos consensos possíveis, de se focar nos principais (e
grandes) problemas a resolver. Precisa que todos tenham a capacidade
de se ouvir mutuamente, de se sentar e conversar, discutir, chegar a
entendimentos, decidir e resolver. Inteligência, capacidade, vontade
e bom senso.
A mim, o confronto apenas pelo
confronto não me traz qualquer espécie de prazer. Enquanto se
tratar quem tem ideias diferentes como inimigos a abater; enquanto se
continuar a olhar para a política como se de um campeonato de
futebol se tratasse, com claques inconscientes que apoiam ou condenam
com base na cega fé; enquanto imperar a lógica de “o que é nosso
é tudo bom, dos outros é tudo mau”, não sairemos deste ciclo e
Tomar continuará a afundar-se.
E há tanto para resolver: emprego,
comércio, revitalização do centro histórico, PDM, questões
sociais; Flecheiro, Levada, Convento de Stª Iria, Mercado, apoio e
coordenação estratégica do associativismo como motor de
desenvolvimento económico e produção de eventos… Enfim, um
elenco vário de reais problemas para os quais muito se fala mas nada
se faz.
Não podemos estar sempre todos de
acordo, não é possível e provavelmente, nem seria desejável. Mas
é necessário que saibamos argumentar com responsabilidade mantendo
a elevação e respeitabilidade das discussões, que saibamos
distinguir o importante do acessório, que valorizemos quem de facto
quer trabalhar com e para o bem comum.
A política e a gestão pública não
pode ser uma mera e inconsequente feira de vaidades ou de egos
inflamados, nem uma luta fratricida de meras siglas partidárias.
Saibamos todos, desde os eleitos e
candidatos a sê-lo, bem como toda a restante comunidade, estar à
altura dos desafios do nosso tempo no enfrentar consciente e
responsável dos problemas presentes e na capaz construção de um
futuro que, como aqueles que nos antecederam, nos permitam não só
continuar a viver bem nesta terra, mas igualmente a nela ter orgulho.
Por Tomar e pelos tomarenses, das
atitudes às ações, exige-se mudança.
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