Natália Correia pintada por Bottelho (Carlos Botelho) |
Nem tudo é mau. Natália Correia é um desses exemplos, que se não for noutros dias, ao menos seja lembrada neste, ela que política, poetisa, inteletual de primeira água, foi também destacada ativista pelos direitos das mulheres.
Da sua antologia que a tempos requisito à minha prateleira de poetas, retiro este seu poema tão célebre como o episódio em que foi criado e declamado.
Na Assembleia da República corria o ano de 1982, debatia-se (já então) a questão da IVG, quando um deputado do CDS, João Morgado, terá afirmado qualquer coisa como «o acto sexual serve apenas para fazer filhos».
Natália Correia respondeu-lhe na hora (a qualidade global dos parlamentares já conheceu melhores dias) com o "truca-truca":
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
1 comentário:
tens cá uma escola ;)
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