foto de O Templário |
A câmara rejeitou o apoio à
organização do carnaval na cidade (tendo dos sete, apenas o
vereador socialista Luís Ferreira votado favoravelmente, em acordo
com aquela que é a posição do PS, coerentemente assumida há
vários anos).
Enfim, a rejeição é uma decisão tão
condenável como aceitável. Tudo depende da estratégia municipal
para o desenvolvimento dos eventos com um cariz turístico e de
contributo económico. A estratégia que em Tomar… não existe.
No PS há muito defendemos – e não é
nada original, apenas perceber o que tem de ser feito se se quiser
fazer bem, e observar e aprender com o que outros já fazem – que o
concelho precisa de apostar num conjunto de eventos, continuados,
diversificados, com qualidade, que mantenham um cartaz permanente ao
longo do ano, que contribua para uma efetiva evolução do turismo
enquanto potenciador de desenvolvimento económico, contribuindo para
a criação de empregos e produção de riqueza.
Basta pensarmos num exemplo que nos é
próximo em vários aspetos: dimensão, património histórico e
natural, boa localização geográfica – Óbidos – e perceber o
que era há pouco mais de uma década, e o que é hoje depois dessa
estratégia bem delineada e coerente ter sido e continuar a ser
aplicada.
Ali a estratégia prova-se bem
sucedida. De uma vila quase só conhecida pela sua ginga, temos hoje
um concelho com atividades diversificadas e já estabelecidas,
identitárias, que promovem a fixação e desenvolvimento de outras
atividades na área cultural e artística, e também na área
desportiva, entre outras. O turismo e a cultura provaram-se capazes
de criar emprego e riqueza porque ao contrário de Tomar não se
limitaram a mandar uns bitaites. Pensaram, planearam, executaram.
Investiram, produziram.
E para que conste, para que não me
acusem de só usar exemplos socialistas, falamos aqui de um concelho
dirigido pelo PSD. A questão aqui não é ideológica ou partidária,
é de bom senso, capacidade e vontade de trabalhar. Tudo o que em
Tomar tem faltado aos dirigentes políticos.
Em Tomar, fala-se, promete-se, mas
saber e fazer… pouco!
Não podemos ficar-nos por um monumento
mais ou menos visitado, e por um ou dois eventos anuais ou nem isso,
como os Tabuleiros ou as Estátuas Vivas, que sim, são importantes
como figura de cartaz e grande atratividade, mas que enchem a cidade
em curtos dias, e de onde verdadeiramente se retira pouco
mais.
Precisamos de mais eventos, mais pequenos, mas mais continuados. Que tragam menos pessoas de cada vez, mas mais vezes ao ano, que promovam o alojamento e os gastos na restauração, tendo assim verdadeira capacidade para serem sustentáveis.
Precisamos de mais eventos, mais pequenos, mas mais continuados. Que tragam menos pessoas de cada vez, mas mais vezes ao ano, que promovam o alojamento e os gastos na restauração, tendo assim verdadeira capacidade para serem sustentáveis.
Voltando ao ponto inicial, apesar da
recusa no apoio, a entidade que pretende organizar o Carnaval vai
avançar mesmo assim. E isso é muito importante. Tomar não tem
sabido aproveitar a sua capacidade instalada: naturalmente os já
abordados património histórico, cultural e natural, a sua
localização geográfica, e também, o que muitos não têm, um
importante movimento associativo que nas mais diferentes áreas muito
produz, mas ao qual falta um olhar por cima, um olhar coordenador, um
olhar estratégico.
E também por isso, temos instituições
importantes, mas que raras vezes trabalham em conjunto ou com
desenvolvimento de atividades comuns.
O desenvolvimento de atividades que
resultem da iniciativa associativa ou comunitária é algo que não
pode ser inventado, tem que existir para ser real. É o exemplo do
carnaval da Linhaceira, que não depende de subsídios para se
realizar e que tem esse enorme e importante cariz de envolvência da
comunidade. O mesmo se passa com o Festival Bons Sons em Cem Soldos,
um evento já de dimensão nacional e com qualidade reconhecida nos
mais diversos fóruns.
Ao longo dos últimos anos faltou
sempre esse acarinhar das instituições existentes, a capacidade de
as envolver em objetivos comuns e maiores, de as envolver numa
estratégia concelhia da qual sejam verdadeiros parceiros e
executores. Ao invés, temos uma filosofia de subsídio mais ou menos
indiscriminado, casuístico, em função apenas da dimensão maior ou
menor das migalhas sobrantes do orçamento municipal. Uma espécie de
subsídio caritativo institucional.
Não é isso que nos serve, e não é
isso que nos permitirá o desenvolvimento tão propalado mas sempre
vazio, do turismo enquanto real vetor estratégico do desenvolvimento
económico e identitário do concelho.
Mas é o que temos, resta saber até
quando. Não é apenas no turismo e nos eventos, é em praticamente
tudo o resto. Fala-se, promete-se, fala-se de novo, promete-se mais…
Mas estamos sempre na mesma. Ou pior.
1 comentário:
Subscrevo!
Tive a oportunidade de falar com o administrador da óbidos patrimonium há uns anos atrás e posso dizer que os eventos serviram como catapulta de investimento. Os grandes eventos de massa que aí são feitos e que na base contribuem para o desenvolvimento do comércio e turismo durante os dias em que acontecem, têm um objectivo maior. Os lucros servem para alimentar o restante cartaz de eventos anual, efectuados para nichos de mercado, que Óbidos quer atrair até si, e esses sim os verdadeiros investidores. Os que têm contribuído para que o concelho se tenha desenvolvido a vários níveis. Claro, que também Óbidos sofreu com a crise e claro que também muitos desses investimentos estão parados, mas existem e terão uma continuação.
Estratégia e plano precisa-se!
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