"Haverá possivelmente alguns horários zeros, como tem havido todos os anos..." disse o sr ministro da Educação há dias na SIC Notícias com uma lata impressionante! Das duas uma, ou sem saber o que está a dizer, ou a mentir com os dentes todos, e não sei o que é pior.
15000 professores do quadro com horário zero é coisa que como óbvio nunca aconteceu nem lá perto, E não é como o sr. ministro diz, fantasia. Basta ir ao site e contar listagem a listagem. Claro, com agregações de agrupamentos que agora chegam a ultrapassar os 3000 alunos, com turmas de 30, ou com uma destruição curricular sem qualquer sentido e que não se explica apenas com as questões económicas (na minha extinta disciplina por exemplo, EVT, não há qualquer razão económica para separar a teoria da prática), claro que sobram muitos professores!
Até podiam sobrar mais, se querem empurrar os alunos para o privado onde ele existe (para o qual não há cortes nos financiamentos públicos) e acabar de vez com o ensino público, um só professor a leccionar as disciplinas todas é mais uma ideia. Tão "razoável" como tantas das que estão a ser aplicadas.
Olha, aquela de pôr os professores a substituir os psicólogos escolares, por exemplo.
E depois diz o sr. ministro que continuarão a existir professores contratados. Claro, quando uma docente entra de licença de maternidade ou alguém adoece... mas mesmo aí tenho muitas dúvidas, pois se há professores a olhar para as paredes nas escolas porque andam agora a inventar o que lhes dar para fazer!
Seja como for, não é desses casos que se fala, são dos milhares de professores que todos anos eram contratados, muitos deles há 10, 15, 20 anos, e que agora vão para casa! Claro, pois, não são despedidos... É como muitos profissionais do Centro Hospitalar do Médio Tejo que não viram os seus contratos renovados - também não foram despedidos!
Isto para não dizer que é mais um dos casos em que o Estado explora e goza com os cidadãos, uma vez que a grande maioria destes profissionais foram formados especificamente para o ensino, e como tal, não podem, ao contrário do que muitos imbecis dizem, ser absorvidos pelo mercado.
Era como se o estado formasse polícias ou juízes e depois lhes dissessem: agora façam-se à vida, procurem trabalho no mercado.
Triste país, triste sociedade, que não percebe que seja qual for a crise, cortar, desvalorizar, abandalhar a educação (e a cultura), é sempre pôr em causa o futuro por muitas décadas.
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