Como informa o Tomar, a cidade (num meritíssimo trabalho regular que há tempo desenvolve), comemoram-se hoje 72 anos sobre aquilo que considero ser hoje um erro de planeamento (mas não o seria à época): a colocação da estátua de D. Gualdim Pais na Praça da República em Tomar, a exemplo do que na postura nacionalista da época se fez um pouco por todo o país.
Um erro que, estou certo, mais tarde ou mais cedo uma câmara com visão e coragem saberá restaurar, para que a praça, como principal sala de visitas da cidade, possa ganhar uma mais profícua usabilidade na realização dos mais diversos eventos, particularmente os de cariz musical e cultural.
E a cidade não perderá com a troca, porque para além do dinamismo da praça sair reforçado, há muitos locais com dignidade para acolher a estátua.
Por exemplo, na cerrada dos cães à entrada do castelo, a "olhar cá para baixo", até porque Gualdim fundou o castelo e a cidade que existiu no seu interior. A cidade tal como hoje a conhecemos deve-se ao Infante D. Henrique, e esse tem uma estátua à entrada da Mata dos Sete Montes.
2 comentários:
Meu bom amigo:
Aplaudo o seu texto. Já lá vão quase 40 anos, lancei e subscrevi uma petição nesse mesmo sentido, que conseguiu a adesão de praticamente todas as "cabeças" da urbe. Com uma notável excepção: o arquitecto Costa Rosa, com a argumentação de que o pai (tesoureiro municipal) foi um dos que contribuiram para o monumento e para a sua localização. Desde essa altura que aguardo o inevitável (tem agora quase 90 anos), para relançar o assunto.
DE: Cantoneiro da Borda da Estrada
Caro Dr. Hugo Cristóvão,
Nunca tinha pensado nisso, nem nunca vi essa questão levantada ao longo da minha vida. Pelos vistos houve quem o fizesse. Parece ser oportuna a sua questão, e uma boa questão, mesmo que surpreendente, como o é para mim esta, é sempre agradabilíssima.
Também sou dotado de uma costeleta conservadora de que nunca me libertarei, pelo que vou dar tempo à coisa para maturar uma opinião sobre a questão que levanta.
Embora haja outras de momento em Tomar, sobre as quais o senhor devia refletir rapidamente...
Mas sobre a localização da estátua de G.Pais, deixo esta citação de um estudo da Universidade do Minho sobre "Os forais tomarenses de 1162 e 1174" de Manuel Sílvio Alves Conde - disponibilizado na internet pela Casa do Sarmento-Centro de estudos do património - univ. do Minho, possivelmente do seu conhecimento. Se não, vale a pena lê-lo.
Diz assim:
"Em Novembro de 1162, Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo de Salomão, donatário do território de Ceras, outorgava aos moradores de Tomar, "maioribus et minoribus", uma carta de garantia do direito das suas herdades, de foro e serviço. Esta primeira carta de foral, concedida ao lugar que, pouco tempo antes, preteria Ceras na função de cabeça do Território Templário, subscrita por figuras, relevantes como.... (.....) e os alcaides conimbricense e escalabitano, é o ponto de partida da institucionalização dos órgãs do poder local, no respeito da autonomia do município"
"Entre os confirmantes e testemunhas estão figuras locais como o capelão frei João Garcia, o alcaide Paio Nunes e os justiças Paio Aires e Pero Rodrigues"(1)
Ou seja, pelas frases que citei a negrito, parece legitimada a atual localização entre o poder secular (ou temporal?) e religioso(é a interpretação que faço). Ou estarei a ver mal? Com isto estou a defender o património histórico, visto no seu tempo, na zona histórica de Tomar de hoje.
Um abraço.
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(1): Existem na toponímia da cidade os nomes destes "confirmantes e testenunhos"? Uma curiosidade..., que se relaciona com o recordar memória da fundação da cidade.
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