Esta questão da alegada conversa do Primeiro-ministro acerca do jornalista Mário Crespo inquieta-me.
Para já, contínuo convencido que ou não será verdade, ou, não sendo falsa, será muito diferente da forma como se apresenta.
Esta convicção baseia-se numa questão de lógica e de presumido bom senso. Primeiro porque não acredito que o que diga ou não a comunicação social preocupe assim tanto Sócrates; depois, porque mesmo que preocupasse não o imagino a ter essas conversas ao restaurante onde todos pudessem ouvir; por fim, porque mesmo que o fizesse, não me parece que a sua grande preocupação, convenhamos, fosse Mário Crespo, que por bom jornalista que seja, está quase reduzido a um simples moderador dos frente-a-frente entre os vários convidados do jornal das 9 da SIC Notícias.
Quer-me por isso parecer que muito disparate existe, nesta como noutras notícias similares que têm ocorrido.
De qualquer forma inquieta-me, por um lado porque a ser verdade, não numa perspectiva de opinião, porque opiniões sobre os outros todos temos e com direito a tê-las sejam elas positivas ou negativas, mas na linha de tentar influenciar ou mesmo condicionar a comunicação social, seria grave; por outro porque não sendo, confirma esta tendência cada vez maior de vivermos na base do boato (tudo, mas principalmente este ponto muito se aplica a Tomar), da calúnia, da falsa notícia ou opinião que passa a facto, e não sendo provada também nunca verdadeiramente se consegue contestar, persistindo no tempo como uma insinuação de veracidade.
Seja como for, isto é certo: Mário Crespo deve como jornalista responsável que acredito ser, formalizar o que acusa com uma queixa na ERC, sob pena de ser acusado de estar apenas a "mandar bitaites"; o Primeiro-ministro se está isento do que é acusado deve apresentar queixa por difamação nos tribunais, porque se o estiver, nada disto tem que ver com liberdade de informação mas com simples calúnia.
Uma nota final para o Director do JN. Na minha opinião esteve absolutamente correcto ao não publicar aquilo que não era um artigo de opinião de Mário Crespo, mas incontestavelmente uma suposta notícia (ainda para mais em causa própria), sem ter para a mesma qualquer contraditório.
Assim procedessem sempre todos os responsáveis pelos orgãos da comunicação social.
(e lá voltamos a Tomar: entre tantos exemplos ao longo dos anos, principalmente nos jornais, o que dizer na actualidade de um certo programa semanal da rádio Hertz, onde sem qualquer contraditório se confundem factos com opinião, e que não tem qualquer outro propósito que não seja o ataque aos alvos dos comentadores residentes?)
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