quinta-feira, janeiro 31, 2008

carnaval, entrudo, mascarada, folia, folguedo

Pois é, o tempo corre, e eis que somos já chegados àquela época parva em que o já delicado trabalho do professor está mais estorvado, pela zona de guerra em que ficam as escolas transfiguradas, por mais que se proíba toda a espécie de carnavalescas traquinices.

Mas, enfim, quando nos voltamos para a sociedade, de certa forma o carnaval é apenas a caricatura condensada do resto do ano…
E com tanta pena minha, logo este ano que o Carnaval regressa à nabantina urbe, não estarei cá para contemplar tamanhas singularidades... que fazer? Todos temos que admitir doces sacrifícios de quando em vez, e lá terei por isso que embarcar algures a dar conta de outros entrudos.
Como não devo voltar ao computador, ou pelo menos a este espaço, antes da dita efeméride, e enquanto o órfão ‘algures’ marina um pouco mais, cá permanece o desejo para aqueles que ao longo de todo o ano nunca usam dessa arte do disfarce mostrando-se sempre de cara lavada, que aproveitem agora os dias da chamada folia, para trajar de preclaras e desconcertantes máscaras, e que, se outro pretexto não tiverem para se mostrarem felizes, que usem esta desculpa que desde as raízes do tempo tem servido.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

stand by

Sim, ainda ando por cá, mas o tempo (sim, sim... e a vontade!) não tem dado para 'bloguices', e se tanto haveria para comentar...
... mas também, se calhar por vezes é bom seguir aquela filosofia já mítica, proferida por um candidato socialista a uma junta de freguesia nas últimas autárquicas: Se queres que te entendam melhor, mantem-te calado.

De maneira que enquanto o algures vai estando em stand by, aqui deixo, e correndo o risco d'O Templário me apelidar de atrevido outra vez :), umas linhas escritas aí há uma década atrás, quando a minha vida sem política, até me dava para a poesia...


Beijos regados

Depois de saber que é um pouco meu o teu cheiro
depois de saber que no mais profundo de ti
corre algo que meu foi
revelei-me, fiz saltar do negro as palavras
abriu-se a luz como a rosa às carícias do sol.
De novo te encontrei, meus olhos sobre teus seios.
Agachado a teu ventre esqueci discurso exórdio
usei a língua para sentido e em salgado urdir
(conciso sem em inúteis ambages me perder)
te mostrei em hábeis toques, provas de paixão.
Como vagabundo sem rosto em noite sem lua
sou teu escravo teu instrumento
desprovido de espírito ou própria vontade.
E sinto já o avatar que em teu corpo começa
em sons suados e choques de força que expeles a tudo.
A pele da minha mão beija a tua que a sufoca
no tempo que a outra afaga e procura
radiações de calor por entre o pé e ventre teus.
No lençol e em minha boca fermenta humidade não minha.
Volume ritmo dança.
Tremor que a tudo dos corpos alcança.
Retrai-se, crispa-se o teu rosto
expande-se teu lamento doloroso em sensuais monossílabos.
E o teu cabelo e as tuas mãos e eu.
E todo o espaço aqui, e em todo o lado
ei-lo que chega, do nevoeiro o desejado
olhares que a dentro olham cerrados em prazer
e o ponto, o culminar da recta
o fim da estrada, o último raio
a última gota de chuva que cai lenta abandonada,
a língua trava, descaem-se os corpos.
Reticências pausa ecos.
Tua mão fechada tenta segurar em si as últimas águas
espelhamo-nos reconfortados
é também meu o gozo que foi teu
luzes brilham no escuro, imaginação, êxtase
lençóis suados, cinzas da fénix, o mundo renasce
o dia ou a madrugada, e por nós foi encontrado
um relance mais, um seguro traço de felicidade.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O mundo. Ou uma miúda parte da parte que avisto

Pois é, 2007 lá se foi e 2008 chegou de mansinho com os habituais aumentos de preços e os costumeiros prognósticos de vida melhor, dizem uns, pior dizem outros, e isso já se sabe, é apenas igual a todos os anos.
Janeiro é aquele mês que cheira a chuva e a frio, e a tormentos auto-infligidos por compensação a todos os excessos cometidos em Dezembro. O mundo enfim, segue com “dranquilidade”, ou seja, o Sporting parece que acabou de perder no Bonfim. Aliás, futebol bom bom, mas mesmo do bom, é na Liga dos Últimos na RTP-N, a incontestável prova que até na comédia, a realidade é muitas vezes melhor que a ficção.

Nos EUA Obama ganhou o primeiro round para os Democratas, Hillary o segundo. Eu prefiro Obama, parece-me mais sincero, mais capaz de algo novo, pois por muito que uma mulher Presidente do país mais poderoso do mundo fosse interessante, a senhora Clinton ao contrário do marido, parece-me demasiado uma produção american style.

Por cá, a comunicação social entretém-nos com o pequeno frisson de contestação contra o inevitável, a restrição ao tabaco; com o referendo que alguns pedem mas que em verdade a ninguém interessa, até porque o resultado seria mais evidente que os dotes de actriz da Soraia Chaves; e a expectativa em relação ao campeonato que este ano importa, ganha Ota ou Alcochete?

Já eu, cá vou andado neste lufa-lufa de casa-comboio-metro-chiado-escola, escola-chiado-metro-comboio-casa, sendo que casa para mim é um conceito vasto que se objectiva numa palavra: Tomar. Aí, aqui, outras tarefas me competem, mas sobre essas por norma aqui não falo muito. Também para quê, se os anónimos de outros blogues cá do sítio já dizem saber tudo?

Por falar em escola, aquela onde lecciono numa encosta do eclético Chiado, completou hoje 97 anos sobre a primeira aula que aí se deu. Uma idade provecta que me faz pensar por um lado na perenidade da vida, por outro na sua incontornável finitude. Que o termo dela venha longe para todos é o que se ambiciona, e se não puder ser para todos que seja pelo menos para Alberto João que para mim sempre foi o rei da comédia, e eu adoro rir. Nem sei porque a TVI não o convidou já para um reality show, agora que os 'gatos' vão para a SIC não tenho dúvidas que seria a melhor arma para as audiências.

Entretanto por terras de Iria e Gualdim, a par ainda com as reacções à mais que (mais que quase todos, pelo próprio) desejada partida de Paiva, uma das grandes notícias da semana que passou, a julgar pela capa do 'Cidade' foi a domesticação de um javali… o que prova a tese de alguém que afirmou que a pior pobreza, é a de espírito. Ou seja, nada de especialmente novo aqui pelas margens do Nabão.
Mas calma, 2008 é ainda pouco mais que uma erva daninha, ansiemos pelo jardim de singulares novidades que nos trará.
Pois, hoje ‘tou pouco inspirado para as metáforas, é o que faz ter a televisão ligada há algumas três horas o que para mim é muito tempo e adormece a inteligência. Melhores noites virão...

domingo, janeiro 06, 2008

blogues

Neste início de ano, aqui ficam os links para alguns blogues interessantes, alguns deles quase a estrear. Boa e continuada escrita é o que se deseja.

Os nabantinos:
Misurato - da futura musicóloga Sofia Lopes

O Canto do Sax - do saxofonista Bruno Homem

Jorge Franco - deputado municipal

UGAJODIZ - do professor Rui Lopes

Tomar Urbe - interessante espaço nascido de um grupo de alunos de 12º ano da ES Jácome Ratton em "Área de Projecto" e para o concurso "Cidades Criativas"

Nabantia - sobre Tomar, de "um curioso cuja identidade não interessa"

Os Cavaleiros Guardiões de Sta. Maria do Olival - sobre os Templários, Tomar e afins

algures por aí:
De Cabeça - de Évora, do professor e ex colega de "juventudes", Manuel Cabeça

Histórias do Mundo - de um casal de professores que tirou um ano de licença sem vencimento para fazer um dos meus sonhos, de mochila às costas dar a volta ao ano. (o que muito faria felizes alguns comentadores deste e d'outros blogues...;)

publicidade cultural

Primeira apresentação do Duo Sellium dia 11 de Janeiro no bar Fábrica de Braço de Prata, Lisboa (Poço do Bispo). Informações em http://www.bracodeprata.org./

"Café com Piazzolla e música D'aujourd'hui

Duo Sellium é um agrupamento de guitarra e saxofone, com o intuito de divulgar obras para este invulgar agrupamento. Tendo a guitarra atingido a sua forma actual no século XX, com António Torres, tal como o saxofone por Adolphe Sax, as obras para este agrupamento são extremamente recentes e ainda escassas quando comparadas a instrumentos como o piano e violino.
Desta forma, propomos um concerto onde serão estreadas, ao nível nacional, diversas obras modernas e onde se poderão ouvir transcrições de obras compostas originalmente para outros instrumentos, adaptadas para este duo. Duo Sellium interpreta músicas cujas origens vão desde a América do Norte, à América do Sul até à Europa, com influências do rock ao jazz, passando pelo tango e o choro brasileiro.
Guitarra: Duarte Lamas Saxofone: Bruno Homem
O concerto será às 23H. Preço por entrada é de 5 euros.
Apareçam"