sábado, março 04, 2006

Os velhos amigos.

Ou os amigos velhos, que não é a mesma coisa mas também se aplica.
Acontece ter todo o primeiro sábado de Março, um almoço da turma de curso, em que oriundos de vários pontos do país nos reunimos na terra de um nós, escolhida previamente no ano anterior.
Foi o que aconteceu hoje no Sardoal.
Dos que se encontram mais frequentemente, aos que se revem de ano a ano, este é o espaço e o momento das constatações e das memórias de tempos que marcam e não voltam.
Quem está mais magro, mais gordo, mais careca, mais, menos, tanto, qualquer coisa, é a entrada da ementa que segue com as obrigatórias conversas entre qualquer grupo de professores, como é a tua escola, que alunos tens, os colegas são porreiros, a escola é longe e está a cair, ou o simples mas por vezes presente, estou farto da escola, ou o outro ainda que agora não dá aulas porque tem tacho, e ele diz que não, que trabalha que se farta, mas ninguém mostra acreditar ainda que saibam que assim é, e as evidências depois o demonstram.
E assim segue, com mais ou menos copo, com mais ou menos choro da criança de alguém, até à sobremesa composta pelas sempre presentes memórias, sempre mais distantes, sempre mais saudosas: aquela festa, aquele trabalho feito às 5 da manhã, aquela professora, aquele dia de copos, os tiques e os toques de uns e outros, e o diz que o outro faz isto e a outra agora é aquilo, para que omitidamente percebamos e noutras palavras o digamos uns aos outros que estamos a cada um cada medida, mais pais, mais solteiros, mais fatigados, mais empenhados, mais distraídos, mais deslocados, mais interessados... mais velhos.
Estes encontros, como todos os ciclos da vida, é suposto que continuem, e sempre e em cada um será assim. O tempo não se evita. Por muito que custe, é a simplicidade apenas aparente, diria o José Gil, daquela célebre citação de um nosso ex-Primeiro-ministro. "É a vida!"

Sem comentários: