quinta-feira, maio 12, 2005

Opiniões

Numa entrevista ao jornal Templário, saído hoje, em que fala de artesanato, congresso da sopa, turismo, e do seu "apoio inequívoco" a António Paiva, diz o vereador Ivo Santos:

"É urgente a criação de um pavilhão multiusos"
"Eu penso que uma lacuna que temos em Tomar é a falta de um espaço fechado para a realização de eventos deste e de outro nível"

Pergunta o jornalista: "Se a lacuna está identificada, porque é que não se executa?" (pavilhão multiusos)
"Sobretudo, porque não houve ao longo dos anos a percepção por parte dos políticos da necessidade imperiosa deste tipo de equipamento existir."

Ora bolas! É óbvio que assim é, mas porque é que não pensaram nisso antes de torrarem o dinheiro no elefante branco junto ao rio, que existe apenas para justificar o disparate do parque de estacionamento que tem por baixo?
Pensava diferente nessa altura, ou o senhor António Paiva não aceitou sugestões? Ou ele não ouve sequer os seus vereadores? Mas se assim for, então são coniventes com ele não é?
Todos sabem, porque ao contrário do que pensam, as pessoas não são parvas, que aquele pavilhão "remodelado" foi um imenso disparate, um imenso desperdício de dinheiro, porquanto um pavilhão desportivo com melhores condições que aquele, feito num local decente, custaria quando muito, metade, e isto é avaliar por cima. E não é preciso ir muito longe, veja-se o projecto que a Gualdim Pais tem para o seu pavilhão, com muito melhores condições, e veja-se o que está previsto gastar.

Depois, qualquer pessoa com dois palmos de testa percebe, que um concelho como Tomar, pela posição geográfica que tem, pela sua natural inclinação para o Turismo, e pelas suas muitas valências, por exemplo, ao nível associativo, que o que faz falta em Tomar é um pavilhão multiusos.
Mas como somos governados por um déspota que assim que terminar o saque faz malas e vai embora, aquilo que é feito, acontece não em função dos interesses do concelho e dos que cá vivem, mas em função sim de outras situações, quanto mais não sejam, as que derivam da sua teimosia e da visão elitista que tem para o concelho.

Porque era necessário um estacionamento subterrâneo por baixo do pavilhão, porque era necessário acabar com o parque de campismo, porque era necessário substituir a relva sintética do estádio municipal, e mandar de lá embora o União?
Assim como outras coisas, como a conivência com o atentado no açude de pedra, ou os entraves à construção nas Avessadas, por exemplo...
Porquê? Não é difícil concluir pois não? Já viram bem o potencial imobiliário das margens do Nabão entre a cidade e o açude?
Será tão difícil perceber isto?
Claro que não é. O problema é que muitos, na política e fora dela, mesmo não gostando deste estado de coisas, se fazem desentendidos, ou falam apenas em surdina, e são assim coniventes com este estado de coisas.
A responsabilidade meus senhores, não será apenas do senhor António Paiva quando ele zarpar para outras paragens, será da sua "equipa", será do partido que o apoia, será dos que sabendo disto e muito mais, se calaram por este ou aquele interesse.

O Planeamento que não se vê, ou que parece não existir, é na realidade muito simples, e volto a repetir o conceito: Tomar, a Vilamoura do Ribatejo. Ficam cá os que podem, vêm para cá os que têm dinheiro. É claramente isto que está na mente do Presidente da Câmara e em tudo aquilo que tem sido feito, ele próprio o confirmou, ao insinuar no debate sobre o Investimento Privado, que não havia problema em o custo de vida em Tomar ser caro, pois estavam a ser efectuados investimentos que justificavam esse custo de vida!
Por tudo isto lamento por parte do vereador Ivo Santos, a quem eu reconheço trabalho (e em quem vejo à partida uma vantagem em relação a António Paiva, não julgo que vá fugir depois de sair da Câmara), esse apoio inequívoco ao seu Presidente, que não deixa de ser compreensível no tal universo das conivências, mas ainda assim lamentável, ainda para mais com esta justificação:
"Enquanto tomarense e pessoa que me importo com Tomar acho que seria muito prejudicial para o concelho caso o Engº António Paiva não avançasse. Estamos a meio de uma intervenção do Programa Polis, temos um novo Quadro Comunitário de apoio a partir de 2007..."

Ora por favor, é exactamente por ser tomarense e por se importar com Tomar que não devia ser conivente com o senhor Paulino! Quanto aos Quadros Comunitários, exactamente por vir aí o novo é que era altura ideal para que fosse outra equipa a conduzir esse processo, até porque para usar fundos como têm sido usados.... e depois, o POLIS?!
O POLIS é exactamente o argumento que eu acho que mais devem usar, pois ele só funciona contra a actuação da Câmara, na medida em que subverteram totalmente o espírito do Programa, não fizeram nada daquilo que realmente era imperioso resolver, como o flecheiro por exemplo, e aí não chega ter trazido a comunidade cigana para vender do lado de cá do rio, era exactamente isso que eles queriam; bem como tudo aquilo que foi feito no âmbito do POLIS, é disparate atrás de disparate, e já aqui os enunciei: a construção do Pavilhão naquele local, a substituição da relva natural por sintética, a destruição do parque de campismo e do Cine-Esplanada...
... e mais o que se tenciona fazer, como a construção do Centro Comercial disfarçado de fórum no local do actual mercado municipal, como também refere na entrevista, indo contra tudo o que é bom senso e norma de actuação em cidades que se querem desenvolvidas e modernas, que ainda por cima se dizem apostar no Turismo... não era preciso pensar muito, era só abrir os olhos!

E por tudo isso, não posso deixar de concordar com a última frase da entrevista: "importa estar atento e estes novos fenómenos, ser actuante, criativo e ousar desafiar o instituído."
E o instituído, mesmo que muitos o neguem, ou apenas o sussurrem, está a vista!

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