quinta-feira, dezembro 16, 2004

Aparência. Conteúdo.

Há quem afirme conhecer-me e nada saiba de mim
Há quem me diga que sim e me aponte como um não
Há quem me fale e nada diga
Há quem de mim fale sem comigo falar
Há quem me critique e meu amigo seja e
Há quem me fale de mansinho e me odeie de morte
Há quem me deseje e eu não corresponda
Há quem eu queira e não me queira
Há quem saiba e quem o negue
Há quem desconheça e se faça de sábio
Há vezes que o mais sábio é o mais mudo
Há vezes tantas que o que fala o mais ignorante é
Há quem fale para que os outros o ouçam
Há quem fale para ter a certeza que sim
Há pessoas que falam diferente do que agem
Há pessoas que muito dizem e pouco praticam
Há pessoas que nada dizem e muito fazem
Há pessoas que existem mas não
Há pessoas que ficam
Há pessoas que se esquecem
Há pessoas que gostava de esquecer
Há pessoas que gostavam de ser esquecidas
Há pessoas que me intrigam, que me inquietam
Há pessoas que admiro, que respeito
Há pessoas que me alegram, que me iluminam
Há pessoas que me entristecem, que me enojam
Há vezes que não sei se há pessoas se são animais
Há vezes que percebo que o ser humano pode ser o pior e o melhor
Há vezes que aceito que mais vezes é pior que o contrário
Há vezes que me deslumbro com o contrário do pior
Há vezes que só queria ser uma árvore num deserto bem longe.

É tão difícil o "simples facto" (não é nada simples e não podemos afirmar que é facto!) de estar vivo que todos os dias me pergunto: Quem sou? O que faço aqui? Para onde vou?
Serei só eu, ou é mesmo o ser humano que é demasiado complicado?

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