quarta-feira, maio 29, 2019

Tomar, comunidade educativa de excelência

EB1 Infante D. Henrique

Publicado no jornal Cidade de Tomar de 24 de maio

“É preciso uma aldeia para educar uma criança.” - provérbio africano

Respondendo ao repto do Cidade de Tomar para escrever sobre educação, começo por afirmar o que sempre repito: Tomar é uma terra de excelência educativa, não só pela diversidade de oferta quase única em contexto nacional, como pelos bons profissionais que trabalham no setor da educação.
Quase única porque são pouquíssimos os concelhos portugueses onde é possível estudar do pré-escolar ao ensino superior, tendo ainda a Escola Profissional de Tomar (Casa dos Tetos) e o Centro de Formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional, ao que acresce o ensino artístico oficial na área da música na Canto Firme e na SF Gualdim Pais, acrescendo na Gualdim também a dança, o que é ainda mais raro no país.
E claro, não podemos esquecer a chamada educação não formal complementar existente: as muitas modalidades desportivas, culturais e sociais, os escuteiros, os projetos de voluntariado, tanto mais, Tomar é um concelho riquíssimo na qualidade e multiplicidade de oferta.
No que ao município compete no campo exclusivo da educação (essencialmente: instalações, pessoal auxiliar, transportes escolares, refeições), e desde a atual liderança autárquica, ou seja, de há quase seis anos a esta parte, temos muito investido no setor.
Mudámos o mobiliário escolar das escolas de pré-escolar e 1º ciclo, muito dele com mais de trinta anos; colocámos novos computadores em todas as salas de aula, assim como muitos outros equipamentos informáticos, contratámos equipas multidisciplinares para os agrupamentos (psicólogas, terapeutas da fala e uma assistente social); melhorámos as condições de algumas das escolas das aldeias e vamos continuar a fazê-lo; estamos a concluir a construção do novo Centro Escolar da Linhaceira onde, lembremos, há crianças a ter aulas em contentor sala de aula, porque os edifícios existentes não são suficientes para todas as turmas.
Percebendo que, apesar de termos imenso património histórico e cultural no concelho e região, o mesmo não era visitado porque as escolas preferem visitas na sua maioria para Lisboa, e por isso, além de outras iniciativas, começámos há quatro anos a levar as crianças do 4º ano ao Convento de Cristo, assim como aos mosteiros da Batalha e de Alcobaça, monumentos que são património mundial da humanidade.
Temos também apostado nas idas ao teatro e ao cinema, assim como continuamos a levar todas as crianças de 3º e 4º anos de escolaridade 6 vezes por ano a aulas à nossa piscina municipal; oferecemos uma deslocação de autocarro (visita de estudo) a todas as turmas de pré-escolar e 1º ciclo; aumentámos os apoios de ação social escolar; ajudámos várias associações de pais a resolver problemas de sustentabilidade; e temos vindo a recuperar a administração direta das refeições escolares, uma vez que não é essa a função das associações de pais e esse modelo em Tomar escolhido no passado tem criado grandes problemas a muitas dessas associações.
Resumindo, esta é das áreas onde o município mais investe, e tem vindo a crescer todos os anos, com orçamento direto anual na casa dos 3,5 milhões de euros, ainda que uma parte seja financiada pelo Ministério da Educação.
Na atualidade, e face ao sururu das últimas semanas, com muito ruído e muita desinformação à mistura, é impossível não falar também dos problemas existentes no setor.
Tomar tem, como quase todos sabem, infraestruturas escolares a mais na cidade. Em bom rigor, seriam suficientes pelo menos para o dobro dos alunos existentes. Falta de planeamento ou visão no passado (e eu fui um dos que muito nessa altura chamou a atenção para isso) agravaram muito esta situação, que continua a agravar-se desde aí.
Pelo meio disso, temos infraestruturas há muito desadequadas e com deficiências e incumprimento de regras de segurança e salubridade, também há muito a agravar-se. Por muito que custe, há que tomar decisões.
Temos sempre afirmado o que, mesmo não sendo opinião de todos, é óbvio: compete-nos dar o melhor uso às infraestruturas existentes, e com elas prestar o melhor serviço possível. Até porque há aqui também uma questão de igualdade de oportunidades que começa logo cedo na aprendizagem. Há crianças em escolas com todas as condições, e crianças em escolas com as mesmas condições do tempo em que só se fazia a 4ª classe.
E tudo devemos fazer para salvar as maiores infraestruturas, aquelas que, mesmo que precisando de alguma intervenção têm todos os requisitos: salas de aula e salas completares (informática, laboratórios, salas de apoio, etc), bar e refeitório, salão polivalente, pavilhão desportivo, bons espaços exteriores.
Ou seja, o que seria completamente irracional é que se deixasse fechar a EB23 Gualdim Pais ou a EB23 Santa Iria.
Percebemos nestes dias, que para além de quem de forma confortável, mas irracional diz que nada deve fechar e portanto, nada resolver, que há afinal quem defenda encerramento sim, mas da EB23 Gualdim Pais – e isso, pelo anteriormente já exposto, tudo faremos para impedir.
Liderar, seja um município, seja uma escola, seja o que que quer que for, é difícil, obriga a decisões por vezes impopulares, acarreta visão e coragem, e também erros. Mas como em tantas coisas, também aqui, pior que uma decisão que não seja ótima, é não decidir.
E termino com o que escrevi precisamente há um ano atrás neste jornal, parecido com o que escrevi e publicamente afirmei tantas outras vezes ao longo dos anos:
“na cidade, onde há salas de aula a mais, e isso agravará ainda nos próximos anos e há, portanto, decisões sempre difíceis é certo, mas que têm de ser tomadas antes que alguém as tome por nós. Mas não pode ser só o município (poder pode, mas não temos desejos autocráticos) a tomar essas decisões. Tenho, temos, feito a nossa parte, principalmente na sistemática alerta para esta situação, mas é preciso que outros responsáveis, sem bairrismos estéreis ou preconceitos de qualquer ordem, assumam também as suas responsabilidades.”




Nº alunos pré-escolar e primeiro ciclo no concelho de Tomar  (maio 2019)
Escolas
Total
Pré-esc
1º Ano
2º Ano
3º Ano
4º Ano
Total
1.º CEB
Carregueiros
12
6
3
8
9
26
Carvalhos Figueiredo
15
9
2
7
6
24
Casais
40
19
19
13
14
65
Cem Soldos
29
8
8
6
5
27
Curvaceiras
11
5
11
9
8
33
Fétal de Cima
4
0
0
0
0
0
Infante D. Henrique
0
39
53
37
50
179
Junceira
22
5
6
10
4
25
Linhaceira
42
14
18
12
4
48
Marmeleiro
12
3
2
2
6
13
Olalhas
9
4
3
2
2
11
Pedreira
13
6
7
6
4
23
Raúl Lopes
126
55
26
65
67
213
Santo António
0
8
45
22
12
87
São Pedro
36
13
13
13
22
61
Serra
4
3
3
4
5
15
Templários
29
11
32
18
17
78
Valdonas
25
15
5
7
13
40
Vale Calvo
12
6
5
4
4
19
1.º Jardim Escola João de Deus
45
19
14
11
11
55
2.º Jardim Escola João de Deus
45
14
17
13
9
53
JI Academia de Sonhos
13





JI CAST
75





JI Quinta dos Encantos
21





JI Sociedade Filarmónica Gualdim Pais
46





Totais
686
262
292
269
272
1095

Escolas
5.º Ano
6º Ano
7º Ano
8º Ano
9º Ano
10º Ano
11º Ano
12º Ano
 Prof / PIEF
Total
EB 2,3 D. Nuno Álvares Pereira
146
164
62
92
140




604
EB 2,3 Gualdim Pais                                                  
94
101
68
37
67




367
EB 2,3 Santa Iria
55
59
38
30
48



30
260
Escola Secundária Santa Maria do Olival


123
120
86
154
158
154
67
862
Escola Secundária Jácome Ratton


48
45
26
120
139
96
242
716
Escola Profissional de Tomar








132
132
Total
295
324
339
324
367
274
297
250
471
2941


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