EB1 Infante D. Henrique |
Publicado no jornal Cidade de Tomar de 24 de maio
“É preciso uma aldeia
para educar uma criança.” - provérbio africano
Respondendo ao repto do Cidade de
Tomar para escrever sobre educação, começo por afirmar o que sempre repito:
Tomar é uma terra de excelência educativa, não só pela diversidade de oferta
quase única em contexto nacional, como pelos bons profissionais que trabalham
no setor da educação.
Quase única porque são pouquíssimos
os concelhos portugueses onde é possível estudar do pré-escolar ao ensino
superior, tendo ainda a Escola Profissional de Tomar (Casa dos Tetos) e o
Centro de Formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional, ao que
acresce o ensino artístico oficial na área da música na Canto Firme e na SF
Gualdim Pais, acrescendo na Gualdim também a dança, o que é ainda mais raro no
país.
E claro, não podemos esquecer a
chamada educação não formal complementar existente: as muitas modalidades
desportivas, culturais e sociais, os escuteiros, os projetos de voluntariado,
tanto mais, Tomar é um concelho riquíssimo na qualidade e multiplicidade de
oferta.
No que ao município compete no
campo exclusivo da educação (essencialmente: instalações, pessoal auxiliar,
transportes escolares, refeições), e desde a atual liderança autárquica, ou
seja, de há quase seis anos a esta parte, temos muito investido no setor.
Mudámos o mobiliário escolar das
escolas de pré-escolar e 1º ciclo, muito dele com mais de trinta anos;
colocámos novos computadores em todas as salas de aula, assim como muitos
outros equipamentos informáticos, contratámos equipas multidisciplinares para
os agrupamentos (psicólogas, terapeutas da fala e uma assistente social);
melhorámos as condições de algumas das escolas das aldeias e vamos continuar a
fazê-lo; estamos a concluir a construção do novo Centro Escolar da Linhaceira
onde, lembremos, há crianças a ter aulas em contentor sala de aula, porque os
edifícios existentes não são suficientes para todas as turmas.
Percebendo que, apesar de termos
imenso património histórico e cultural no concelho e região, o mesmo não era
visitado porque as escolas preferem visitas na sua maioria para Lisboa, e por
isso, além de outras iniciativas, começámos há quatro anos a levar as crianças
do 4º ano ao Convento de Cristo, assim como aos mosteiros da Batalha e de
Alcobaça, monumentos que são património mundial da humanidade.
Temos também apostado nas idas ao
teatro e ao cinema, assim como continuamos a levar todas as crianças de 3º e 4º
anos de escolaridade 6 vezes por ano a aulas à nossa piscina municipal; oferecemos
uma deslocação de autocarro (visita de estudo) a todas as turmas de pré-escolar
e 1º ciclo; aumentámos os apoios de ação social escolar; ajudámos várias
associações de pais a resolver problemas de sustentabilidade; e temos vindo a
recuperar a administração direta das refeições escolares, uma vez que não é
essa a função das associações de pais e esse modelo em Tomar escolhido no
passado tem criado grandes problemas a muitas dessas associações.
Resumindo, esta é das áreas onde o
município mais investe, e tem vindo a crescer todos os anos, com orçamento
direto anual na casa dos 3,5 milhões de euros, ainda que uma parte seja
financiada pelo Ministério da Educação.
Na atualidade, e face ao sururu
das últimas semanas, com muito ruído e muita desinformação à mistura, é
impossível não falar também dos problemas existentes no setor.
Tomar tem, como quase todos
sabem, infraestruturas escolares a mais na cidade. Em bom rigor, seriam
suficientes pelo menos para o dobro dos alunos existentes. Falta de planeamento
ou visão no passado (e eu fui um dos que muito nessa altura chamou a atenção
para isso) agravaram muito esta situação, que continua a agravar-se desde aí.
Pelo meio disso, temos
infraestruturas há muito desadequadas e com deficiências e incumprimento de
regras de segurança e salubridade, também há muito a agravar-se. Por muito que
custe, há que tomar decisões.
Temos sempre afirmado o que,
mesmo não sendo opinião de todos, é óbvio: compete-nos dar o melhor uso às infraestruturas
existentes, e com elas prestar o melhor serviço possível. Até porque há aqui
também uma questão de igualdade de oportunidades que começa logo cedo na
aprendizagem. Há crianças em escolas com todas as condições, e crianças em
escolas com as mesmas condições do tempo em que só se fazia a 4ª classe.
E tudo devemos fazer para salvar
as maiores infraestruturas, aquelas que, mesmo que precisando de alguma
intervenção têm todos os requisitos: salas de aula e salas completares
(informática, laboratórios, salas de apoio, etc), bar e refeitório, salão
polivalente, pavilhão desportivo, bons espaços exteriores.
Ou seja, o que seria
completamente irracional é que se deixasse fechar a EB23 Gualdim Pais ou a EB23
Santa Iria.
Percebemos nestes dias, que para
além de quem de forma confortável, mas irracional diz que nada deve fechar e
portanto, nada resolver, que há afinal quem defenda encerramento sim, mas da
EB23 Gualdim Pais – e isso, pelo anteriormente já exposto, tudo faremos para
impedir.
Liderar, seja um município, seja
uma escola, seja o que que quer que for, é difícil, obriga a decisões por vezes
impopulares, acarreta visão e coragem, e também erros. Mas como em tantas
coisas, também aqui, pior que uma decisão que não seja ótima, é não decidir.
E termino com o que escrevi
precisamente há um ano atrás neste jornal, parecido com o que escrevi e
publicamente afirmei tantas outras vezes ao longo dos anos:
“na cidade, onde há salas de aula
a mais, e isso agravará ainda nos próximos anos e há, portanto, decisões sempre
difíceis é certo, mas que têm de ser tomadas antes que alguém as tome por nós.
Mas não pode ser só o município (poder pode, mas não temos desejos
autocráticos) a tomar essas decisões. Tenho, temos, feito a nossa parte,
principalmente na sistemática alerta para esta situação, mas é preciso que
outros responsáveis, sem bairrismos estéreis ou preconceitos de qualquer ordem,
assumam também as suas responsabilidades.”
Nº alunos pré-escolar e primeiro ciclo no concelho de Tomar (maio 2019)
|
||||||
Escolas
|
Total
Pré-esc |
1º Ano
|
2º Ano
|
3º Ano
|
4º Ano
|
Total
1.º CEB |
Carregueiros
|
12
|
6
|
3
|
8
|
9
|
26
|
Carvalhos Figueiredo
|
15
|
9
|
2
|
7
|
6
|
24
|
Casais
|
40
|
19
|
19
|
13
|
14
|
65
|
Cem Soldos
|
29
|
8
|
8
|
6
|
5
|
27
|
Curvaceiras
|
11
|
5
|
11
|
9
|
8
|
33
|
Fétal de Cima
|
4
|
0
|
0
|
0
|
0
|
0
|
Infante D. Henrique
|
0
|
39
|
53
|
37
|
50
|
179
|
Junceira
|
22
|
5
|
6
|
10
|
4
|
25
|
Linhaceira
|
42
|
14
|
18
|
12
|
4
|
48
|
Marmeleiro
|
12
|
3
|
2
|
2
|
6
|
13
|
Olalhas
|
9
|
4
|
3
|
2
|
2
|
11
|
Pedreira
|
13
|
6
|
7
|
6
|
4
|
23
|
Raúl Lopes
|
126
|
55
|
26
|
65
|
67
|
213
|
Santo António
|
0
|
8
|
45
|
22
|
12
|
87
|
São Pedro
|
36
|
13
|
13
|
13
|
22
|
61
|
Serra
|
4
|
3
|
3
|
4
|
5
|
15
|
Templários
|
29
|
11
|
32
|
18
|
17
|
78
|
Valdonas
|
25
|
15
|
5
|
7
|
13
|
40
|
Vale Calvo
|
12
|
6
|
5
|
4
|
4
|
19
|
1.º Jardim Escola João de
Deus
|
45
|
19
|
14
|
11
|
11
|
55
|
2.º Jardim Escola João de
Deus
|
45
|
14
|
17
|
13
|
9
|
53
|
JI Academia de Sonhos
|
13
|
|||||
JI CAST
|
75
|
|||||
JI Quinta dos Encantos
|
21
|
|||||
JI Sociedade Filarmónica
Gualdim Pais
|
46
|
|||||
Totais
|
686
|
262
|
292
|
269
|
272
|
1095
|
Escolas
|
5.º Ano
|
6º Ano
|
7º Ano
|
8º Ano
|
9º Ano
|
10º Ano
|
11º Ano
|
12º Ano
|
Prof / PIEF
|
Total
|
EB 2,3 D. Nuno Álvares Pereira
|
146
|
164
|
62
|
92
|
140
|
604
|
||||
EB 2,3 Gualdim Pais
|
94
|
101
|
68
|
37
|
67
|
367
|
||||
EB 2,3 Santa Iria
|
55
|
59
|
38
|
30
|
48
|
30
|
260
|
|||
Escola Secundária Santa Maria do Olival
|
123
|
120
|
86
|
154
|
158
|
154
|
67
|
862
|
||
Escola Secundária Jácome Ratton
|
48
|
45
|
26
|
120
|
139
|
96
|
242
|
716
|
||
Escola Profissional de Tomar
|
132
|
132
|
||||||||
Total
|
295
|
324
|
339
|
324
|
367
|
274
|
297
|
250
|
471
|
2941
|
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