sábado, julho 27, 2013

«Transformarmo-nos naquilo que somos»

texto publicado no jornal O Templário de ontem

"A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro."
John Kennedy

«Na última década e meia, Tomar apostou em ser uma cidade para “ricos”, apostou em obras faraónicas sem qualquer rentabilidade para a economia do concelho ou sequer, na maioria, para a qualidade de vida dos nabantinos. Obras muitas delas mal explicadas e devastadoramente onerosas para as finanças municipais.
Pelo meio, um maltratar e afugentar dos investidores; um desinteresse pelas questões sociais indo sempre a reboque e quando obrigado, daquilo que os outros concelhos foram fazendo; uma política de alheamento e por vezes hostilização da maioria das instituições associativas e corporativas do concelho; uma realização de eventos avulsa; um sentimento de asco pelas regras da democracia, particularmente na falta de diálogo, de prestação de contas, e da transparência.

De quem planeou e conduziu estas políticas erradas – de Paiva a Corvêlo, com a presença omnipotente de Relvas – fica aquele que lá está desde o início, sempre um dos principais e hoje o líder imposto, Carlos Carrão.
Numa atabalhoada tentativa de alteração de imagem e apagar do passado, mantendo no essencial as mesmas figuras, quem há dezasseis anos está no poder promete agora aos tomarenses “uma nova etapa”, naquela lógica de quem apesar de ter falhado, querer agora começar algo novo, tentando que os outros ignorem o que fez, não reconhecendo os pesados erros e fracassos. Tal como acontece no governo do país.

Não é isso que Tomar precisa. Tomar precisa de uma nova liderança, uma nova atitude, baseada na competência, na responsabilidade, e no mais elementar bom senso. Tomar precisa para a maioria das questões de algo muito simples: fazer o óbvio.
Mas tal aparente simplicidade requer uma grande alteração de paradigma que começa nas atitudes e nas mentalidades. Tomar precisa aí, para seguir a tudo o resto, de uma verdadeira Mudança.
Precisava dela há dez anos, precisava dela há cinco, precisa da Mudança Agora.

Tomar precisa de cumprir o seu desígnio, e como na máxima filosófica de Nietzsche, Tomar precisa de se transformar naquilo que é. Não esta existência envergonhada em função de um passado glorioso e de um presente tornado medíocre, mas sim saber quem somos, o que temos, e o que podemos com tudo isso fazer. Sermos quem somos sem necessidade de inventar. Muito ao contrário do que se tem, falhando, tentado fazer ao longo da última década e meia. E em muitos aspetos copiando para pior o que outros sem as nossas condições naturais precisaram fazer, fazendo-o bem.

Isso começa no próprio Município. Arrumar a casa, readaptar recursos, reorganizar, modernizar, reorientar para o serviço público à comunidade, com celeridade, economia eficácia e eficiência.
Apoiar, sem boicotar ou complicar os investidores, maiores ou menores que ainda acreditam nas potencialidades do concelho;
Fazer do turismo, alicerçado na cultura, no património e no eventos daí e de outras bases decorrentes, um verdadeiro eixo de desenvolvimento capaz de gerar riqueza e emprego;
Potenciar e reforçar aquilo que nos faz diferentes, que nos faz atrativos, que nos faz competitivos;
Aproveitar verdadeiramente a nossa posição geográfica, criando condições de centralidade, com efetivas condições para uma melhor captação de turismo que cá deixe dinheiro; mas também para a fixação de empresas, ligadas a este e a outros setores. Como os ligados à agricultura, à floresta, aos rios, à logística, ao desenvolvimento tecnológico, sem para isso esquecermos da existência do mal aproveitado hospital de Tomar e do ainda maior contribuidor direto e indireto para a economia local, até hoje não totalmente potencializado ou integrado: o Instituto Politécnico.

Como sempre, a responsabilidade e a capacidade para nos transformarmos, ou para tudo deixarmos na mesma, começa em cada um de nós. Individual e coletivamente, saibamos assumir quem somos, saibamos assumir quem queremos ser.
«Nada é permanente, salvo a mudança», disse o sábio Heráclito. Tomar somos todos e julgo, quase todos desejamos essa mudança. Saibamos cumpri-la com inteligência, ela faz-se agora.
Agora é novamente tempo de escolhas. Aproveitemos estes tempos de verão e eventuais férias para nelas refletir com sabedoria. Aos tomarenses cabe a decisão. Podemos ficar a lamentarmo-nos e a criticar genericamente tudo e todos, mais ou menos alheados, e com isso contribuir, com maior ou menor abstenção, para que tudo fique na mesma.
Ou podemos conscientemente saber que a mudança é possível, só depende de nós. De todos, e de cada um de nós. Assim é uma comunidade: a soma de todas as partes.»

Sem comentários: