terça-feira, abril 23, 2013

ler = conhecer, viajar, viver outrem...

Porque hoje é o Dia Internacional do Livro e dos Direitos de Autor (em memória de Shakespeare e Cervantes que morreram neste dia em 1616) publico este post que estava aqui em rascunho há uns dias.

Desde o início deste blogue se anunciou que sem peridodicidade certa, entre mais, aqui se falaria de livros. A verdade é que, se de tudo aqui se vai falando pouco, porque o facebook tem ganho espaço ao blogue pelo menos nos assuntos mais ligeiros, de livros então tem existido ainda mais défice. Por isso, uma referência aos últimos com que me enriqueci.

Primeiro, o último de João Tordo, o Ano Sabático |onde curiosamente a personagem principal se chama Hugo e é músico (não sou, mas estive para o ser), entre outras coincidências da história com a minha|.
Lido num ápice (ou, para ser mais exato, em duas viagens de comboio) o livro que é fruto de um dos melhores escritores da nova geração portuguesa, é daqueles em que adoramos até ao ponto em que pensamos, «pronto, agora estragou isto», depois voltamos a adorar, depois... ciclicamente até ao fim.
Muito bom, não vale a pena descrevê-lo. Leiam.

O Sentido do Fim, o mais recente romance de Julian Barnes (autor que desconhecia e que também li num ápice), é livro recém-galardoado com o Man Booker Prize 2011. A história de um homem que se confronta com o seu passado mutável. Um livro bem escrito e de grande reflexão sobre o percurso de cada uma das nossas vidas, das espetativa e das reviravoltas.

Foi leitura mais demorada, mas também é obra de outra complexidade, O Cemitério de Praga do grande Umberto Eco, um dos autores estrangeiros que mais tenho lido.
Este romance do autor do Nome da Rosa, é uma obra ousada, atual e pertinente para entendermos o processo das interacções histórico-culturais ecléticas que justificam a travessia europeia do século XX e, de certo modo, o nosso século XXI. Aqui, o autor coloca-nos no século XIX onde cruzando-se com grande figuras da história, entre jesuítas, maçons, o esoterismo, a emergência de ciências como a psicanálise e a grande discussão, à época, sobre os judeus, se edificaram as raízes do que sustentou o inconsciente colectivo europeu em que se alicerçou o nacional-socialismo de Hitler.
Umas vezes irónico, outras sádico, outras mesmo odioso, este não é um livro para os leitores mais impreparados mas, não só é essencial para poder entender muito da sociedade atual, como é um excelente ecercício literário.

Ainda não terminado, e exclusivamente nos momentos de leitura em Tomar (que nos tempos que correm são escassos) estou a ler este Herança de Traição, do jovem autor nabantino Jorge Subtil. Naturalmente uma obra diferente das anteriores, mas muito interessante pela pesquisa histórica e pela vivência social do século XIX português, estando a acção centrada particularmente na templária Quinta da Cardiga, ali a caminho da Golegã.



E porque leio sempre mais que um em simultâneo, vou já lendo um novo de João Tordo, Anatomia dos Mártires, e também um de contos do japonês Haruki Murakami, A Rapariga que Inventou um Sonho, mas desses falo, eventualmente, quando os terminar.

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