segunda-feira, abril 01, 2013

«Imprensa local: o futuro hoje.»


Texto solicitado pelo jornal Cidade de Tomar, publicado na edição de 22 de março.

Toda a comunicação social, nacional ou mundial, atravessa profundas mudanças provocadas pelas circunstâncias da crise que se reflete na redução do consumo e mais na quebra dos anunciantes (que verdadeiramente são quem paga os custos das publicações), além disso dispersos por um maior número de suportes informativos.
Esses novos suportes tecnológicos e a rapidez que estes imprimem à transmissão de informação, atraem todos os dias novos utilizadores que os consomem ainda em simultâneo e num crescendo gradual, em exclusivo.

Ainda assim a imprensa local tenderá, na perspetiva do leitor, a resistir um pouco mais à supremacia da internet, uma vez que boa parte dos leitores terá uma idade mais avançada, alguma aversão às novas tecnologias, e um apego maior ao suporte em papel.
Mas a evolução está a acontecer. Eu, que já não sou assim tão jovem, sou diário frequentador da comunicação social online, e apesar de continuar a ler a versão impressa dos dois jornais locais, faço-o, confesso, quase apenas por uma auto submetida obrigação de cidadania de quem quer estar informado e a par do que acontece e é dito.
Obrigada pela voraz evolução dos tempos, a imprensa terá que saber conjugar muito bem a sua atividade com os suportes de internet que serão cada vez mais o canal principal, e adequar aquilo que relega para o papel.
O papel tem apesar de tudo um outro, charme, chamemos-lhe assim. Como o livro, o ato de folhear e ler um jornal parece-nos mais afetuoso, desde que seja objeto interessante nos seus mais diversos aspetos.

Como é coloquialmente costume dizer-se, os olhos também comem, e por isso o primeiro aspeto é o da imagem. O design do jornal e tudo o que isso envolve, do layout às imagens, do tipo de letra à organização dos conteúdos, deve ser apelativo e bem cuidado. Um mau exemplo entre outros, é aquela tentação que os jornais locais têm por vezes de, pela limitação do espaço e do custo de impressão, “atafulhar” conteúdos.
Sobre o conteúdo propriamente dito não é preciso quanto a mim inventar muito, apenas apostar bem nas fórmulas conhecidas: sempre centrado nas questões locais, algumas notícias da atualidade; uma secção de notícias breves, pouco mais que o elencar de alguns assuntos ocorridos; uma ou outra reportagem mais desenvolvida; um conjunto de cronistas regulares que escrevam bem e sobre assuntos que os leitores desejem, criando fidelização; e, não menos importante, ter uma boa e inteligente secção humorística que verse sobre a atualidade.
E no fim, talvez o mais difícil, com um jornal atrativo, convencer os anunciantes de que a publicidade (que deve obedecer às mesmas regras de atratividade) compensa trazendo retorno.
De algo não tenho dúvidas, uma imprensa local proeminente continua a ser necessária para a identidade e consciência crítica de uma comunidade, e instrumento para avaliar do seu maior ou menor dinamismo.

Pelo 78º aniversário do Cidade de Tomar, os merecidos votos de Parabéns e os maiores desejos de bom e enérgico trabalho para enfrentar as dificuldades presentes. O Cidade de Tomar faz parte da história da comunidade nabantina e continua a ser nela importante.

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