sábado, junho 09, 2012

um ano de governo PSD-CDS

a minha nota do dia, de 6 do corrente na rádio Hertz, sobre o tema em epígrafe.

Hoje cumpre-se um ano sobre a vitória do PSD nas eleições legislativas antecipadas,  em resultado das quais veio a formar governo, em coligação com o CDS-PP.
O PSD, que nos anos anteriores a 2011 em que foi oposição, tanto apostou na palavra verdade, venceu com base na mentira. A mentira essencial foi a de que não votava o famoso PEC IV, porque esse representava uma “extrema violência contra os portugueses” pelas medidas aí propostas, o que veio a forçar à queda do anterior governo e ao pedido de auxílio económico externo.
Venceu dizendo em campanha, entre tantas outras falsidades, que não era preciso cortar os subsídios  de férias e natal, tendo sido depois essa uma das primeiras medidas que tomou.
É verdade que o governo anterior estava a pedi-las. Não só havia um cansaço da governação, como um desgate elevado particularmente da imagem do primeiro ministro, a par com algumas medidas impopulares e também algumas teimosias.
Ajudados muito pela sempre forte oposição ao PS dos partidos anti-poder, PCP e BE, e pela crise acrescida da instabilidade política, o PSD, de liderança refrescada e semi-desconhecida dos portugueses, aproveitou o momento para ascender ao poder com relativa facilidade.

Um ano passado deste governo de direita ultra-liberal, o país que temos é o que aqueles que vivem  no real bem conhecem e que os indicadores comprovam. Os impostos aumentaram drasticamente, os salários foram reduzidos e muitos dos apoios sociais foram abissalmente suprimidos, mas, como muitos avisaram, não foram as receitas do Estado que aumentaram mas sim as despesas. Tal como o desemprego, que atinge níveis socialmente insustentáveis e é o maior flagelo na nossa sociedade, tudo isto levando à queda do consumo e ao atrofiamento da economia.
Pelas últimas sondagens, os portugueses atribuem ao ministro das finanças o título da popularidade. Mas  boa parte das medidas entretanto tomadas muito mais que questões de economia, são questões ideológicas. A pretexto da crise o governo mais liberal que a democracia portugesa já conheceu
impõe a sua agenda ideológica como nenhum outro governo de direita antes conseguira. E tem um forte aliado que lhe dá pretexto. A política de direita que governa na europa, liderada em Berlim pela senhora Merkel a quem Passos Coelho quase presta vassalagem.
Uma política de direita europeia essa que preconiza a subserviência dos países latinos aos do norte, através do empobrecimento e dos baixos salários no sul da europa, como forma de criar competitividade com os países asiáticos.

E entretanto, em menos de um ano, foram-se as imagens teatrais do governo pequeno que afinal não funciona e inventa comissões para tudo; da prometida dimuição dos gastos com os gabinetes ou das viagens em classe turística. O governo não diminui as despesas do Estado em serventias e mordomias e se Portugal tem vivido acima das nossas possibilidades, este governo também.
Em menos de um ano, o mesmo partido que na oposição falava em asfixia democrática em Portugal, ao mesmo tempo que esse outro governo e o seu primeiro ministro eram os mais atacados de sempre, chegam-nos estes episódios já requentados de desmacarada falsa moral, com histórias apimentadas de favorecimento e favores privados envolvendo serviços secretos e comunicação social que de tão persistentes, já levam muitos a dizerem que este governo já só se safa com um corta-Relvas...
E os portugueses vivem um ano depois, pior. Mas os portugueses são como são. O campeonato europeu  de futebol está aí e, as próximas jornadas serão passadas a saber de todos os detalhes do dia a dia da seleção. Depois, vêem os jogos olímpicos e depois, é tempo de praia. Lá para Setembro volta-se a falar de política, enquanto se faz um tempito de espera para o natal.
Bom mas, como eu também sou português, também vou estar q.b. de olho na seleção. Estou convencido que se jogar com mesmo afinco com que cumpre os "compromissos" publicitários, já somos campeões.

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