a minha nota do dia, de 6 do corrente na rádio Hertz, sobre o tema em epígrafe.
Hoje cumpre-se um ano sobre a
vitória do PSD nas eleições legislativas antecipadas, em resultado das quais veio a formar governo,
em coligação com o CDS-PP.
O PSD, que nos anos anteriores a
2011 em que foi oposição, tanto apostou na palavra verdade, venceu com base na
mentira. A mentira essencial foi a de que não votava o famoso PEC IV, porque
esse representava uma “extrema violência contra os portugueses” pelas medidas
aí propostas, o que veio a forçar à queda do anterior governo e ao pedido de
auxílio económico externo.
Venceu dizendo em campanha, entre
tantas outras falsidades, que não era preciso cortar os subsídios de férias e natal, tendo sido depois essa uma
das primeiras medidas que tomou.
É verdade que o governo anterior
estava a pedi-las. Não só havia um cansaço da governação, como um desgate
elevado particularmente da imagem do primeiro ministro, a par com algumas
medidas impopulares e também algumas teimosias.
Ajudados muito pela sempre forte
oposição ao PS dos partidos anti-poder, PCP e BE, e pela crise acrescida da
instabilidade política, o PSD, de liderança refrescada e semi-desconhecida dos
portugueses, aproveitou o momento para ascender ao poder com relativa
facilidade.
Um ano passado deste governo de
direita ultra-liberal, o país que temos é o que aqueles que vivem no real bem conhecem e que os indicadores
comprovam. Os impostos aumentaram drasticamente, os salários foram reduzidos e muitos
dos apoios sociais foram abissalmente suprimidos, mas, como muitos avisaram,
não foram as receitas do Estado que aumentaram mas sim as despesas. Tal como o
desemprego, que atinge níveis socialmente insustentáveis e é o maior flagelo na
nossa sociedade, tudo isto levando à queda do consumo e ao atrofiamento da
economia.
Pelas últimas sondagens, os
portugueses atribuem ao ministro das finanças o título da popularidade.
Mas boa parte das medidas entretanto
tomadas muito mais que questões de economia, são questões ideológicas. A pretexto
da crise o governo mais liberal que a democracia portugesa já conheceu
impõe a sua agenda ideológica como
nenhum outro governo de direita antes conseguira. E tem um forte aliado que lhe
dá pretexto. A política de direita que governa na europa, liderada em Berlim
pela senhora Merkel a quem Passos Coelho quase presta vassalagem.
Uma política de direita europeia
essa que preconiza a subserviência dos países latinos aos do norte, através do
empobrecimento e dos baixos salários no sul da europa, como forma de criar competitividade
com os países asiáticos.
E entretanto, em menos de um ano,
foram-se as imagens teatrais do governo pequeno que afinal não funciona e
inventa comissões para tudo; da prometida dimuição dos gastos com os gabinetes
ou das viagens em classe turística. O governo não diminui as despesas do Estado
em serventias e mordomias e se Portugal tem vivido acima das nossas
possibilidades, este governo também.
Em menos de um ano, o mesmo partido
que na oposição falava em asfixia democrática em Portugal, ao mesmo tempo que
esse outro governo e o seu primeiro ministro eram os mais atacados de sempre,
chegam-nos estes episódios já requentados de desmacarada falsa moral, com
histórias apimentadas de favorecimento e favores privados envolvendo serviços
secretos e comunicação social que de tão persistentes, já levam muitos a
dizerem que este governo já só se safa com um corta-Relvas...
E os portugueses vivem um ano
depois, pior. Mas os portugueses são como são. O campeonato europeu de futebol está aí e, as próximas jornadas
serão passadas a saber de todos os detalhes do dia a dia da seleção. Depois,
vêem os jogos olímpicos e depois, é tempo de praia. Lá para Setembro volta-se a
falar de política, enquanto se faz um tempito de espera para o natal.
Bom mas, como eu também sou
português, também vou estar q.b. de olho na seleção. Estou convencido que se
jogar com mesmo afinco com que cumpre os "compromissos"
publicitários, já somos campeões.
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