segunda-feira, fevereiro 13, 2012

hora da verdade

foto rádio Cidade de Tomar
Amanhã pelas 8:00 da manhã, manifestação junto à entrada do hospital de Tomar.
Em dia de São Valentim, vamos todos namorar com o conselho de administração e o governo que o tutela....
Todos somos precisos para defender o que é justo.


E a propósito, a minha crónica de 18 de Janeiro na rádio Hertz, ainda não publicada por aqui:

“Hospital sem remédio” 
Para a crónica de hoje o tema não poderia ser outro: as conturbações que perpassam pelo Centro Hospitalar do Médio Tejo e peculiarmente na unidade hospitalar de Tomar, isto após as anunciadas alterações que o recente conselho de administração nomeado pelo Governo, decidiu como acto consumado sem a ninguém prestar qualquer justificação. Esta triste situação trouxe um aspecto que confesso, considero bastante positivo: a manifestação de sábado à noite no hospital que juntou umas largas centenas de pessoas, o que se repetiu esta segunda-feira na praça da república.

Mas voltemos à questão. Este Conselho de Administração que tomou posse há um mês, vem claramente mandatado pelo governo para tomar medidas rápidas, sem estudos técnicos ou científicos que justifiquem o como e o porquê, sem dialogar com quem quer que seja, demonstrando uma enorme falta de respeito desde logo institucional pelos municípios abrangidos pela área de influência do centro hospitalar a quem deveria no mínimo ser dado conhecimento prévio e fundamentar estas decisões, uma vez que são os autarcas quem localmente representa o povo e perante o povo dá a cara. E não falo aqui apenas de Tomar, Torres Novas ou Abrantes, falo de todos os municípios abrangidos, como Ferreira do Zêzere, Entroncamento ou Ourém, entre vários outros.

Infelizmente, é compreensível que não o queiram fazer. Primeiro porque denota uma atitude cada vez mais recorrente de certos tecnocratas, infelizmente muitas vezes secundados pela demagogia corrente na nossa sociedade, de menorizar os políticos, aqueles que se sujeitam a eleições e que mal ou bem respondem perante as populações. É muito habitual estes senhores dos conselhos de administração se julgarem acima dos outros e acharem que não têm que se justificar.

Depois porque, como já antes afirmei, não há estudos que justifiquem estas decisões em contrário de outras. Que a existência dos três hospitais é um dispendioso erro difícil de suportar pelos cofres do Estado, penso que já todos reconhecem; que deveria existir um só hospital central em vez deste divido em três é também evidente. Nem vale agora a pena falar das razões que levaram a que existisse este erro. Ele existe e precisa de solução, e é assim óbvio, particularmente na situação que o país atravessa, muito culpa de muitos erros como este, que é preciso encontrar uma forma de racionalizar os gastos. Só que esta não é forma de fazer as coisas.

Claro que para Tomar existe outro problema e é verdade que não é de agora. Ele existe há mais de uma década e há década e meia que Tomar vem aos poucos sendo prejudicado uma vez que é claramente tido pelas sucessivas administrações como o elo mais fraco. Não se trata aqui de basear as opções nas questões técnicas e na tantas vezes chamada “ditadura dos números”. Não, não há números sérios que justifiquem estas opções e a permanente preterência de Tomar perante as outras duas unidades.
A verdade é que as sucessivas administrações têm visto Tomar como o elo mais fraco, o local mais fácil de fazer cortes, aquele onde os obstáculos sempre foram menores. E tudo isto porque, ao contrário de Abrantes e Torres Novas, há muito tempo que Tomar perdeu a capacidade política de defender o concelho e as suas gentes. Não é só nesta questão, tem sido constante em muitas outras.
Ao longo da última década e meia particularmente, temos tido responsáveis políticos, a começar nos presidentes de câmara, que não só não tiveram capacidade para defender os interesses de Tomar, como se estiveram mesmo a borrifar para isso.

Tomar é há bastante tempo um concelho sem qualquer capacidade de influência, apesar de até termos alguém que em certas alturas diz ser de Tomar, e nas campanhas eleitorais, especialmente na última, fez de argumento de campanha a grande vantagem que seria estar no Governo e o que isso traria de bom para Tomar. Estou naturalmente a falar de Miguel Relvas e do seu PSD.

O tempo para esta crónica não permite falar de muito mais, mas devemos ter atenção a isto: não estamos nesta questão apenas a falar da qualidade ou quantidade dos serviços prestados, estamos aqui mais uma vez como noutras matérias, a falar de mais um abate na débil economia do concelho. É que todas estas decisões se reflectem em mais ou menos postos de trabalho, mais ou menos fornecedores, mais ou menos pessoas a deslocarem-se a Tomar ou de cá a deslocarem-se para outros concelhos.

Depois, há claramente uma ideia por detrás destas medidas: enfraquecer, esvaziar até ao limite um dos hospitais, até se tornar evidente o seu fecho e consequente privatização para a mesma ou outra finalidade. E pelo caminho que leva, a decisão do Governo parece ser clara: o hospital a abater é o de Tomar.

Basta assim saber se, nesta como noutras matérias bem concretas e bem importantes, a população de Tomar vai continuar a ser como sempre tem sido, apática e alheada, ou se vai aproveitar a onda que começou no sábado, e começar a exigir mais respeito e trabalho sério por parte dos responsáveis públicos, sejam eles políticos ou técnicos convencidos que eles, é que são donos da verdade.

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