terça-feira, novembro 22, 2011

o planeta de Corvêlo

foto em www.cidadetomar.pt 
Quase uma semana passada, deixar passar não posso  a entrevista de Corvêlo de Sousa na rádio Hertz no passado dia 18, que consegui ouvir quase na totalidade na viagem no conforto do intercidades. Ainda bem que as novas tecnologias nos permitem mesmo a alguma distância, não perder momentos hilariantes.
Grande parte da entrevista girou em torno das questões da coligação e do caso mais recente de autoritarismo do Presidente.

Comecemos pela retirada da carrinha do castelo (que, já o disse antes, é um questão menor quando comparada com muitas outras, mas importante por deixar de forma clara aquilo que é uma atitude perante uma generalidade de assuntos). Como é costume, quando se vê apertado, lá dispara com os gastos argumentos do costume. Desta vez centrou-se mais na lei e nos técnicos.

Diz o sr Presidente da Câmara que (como se o cumprimento da lei tivesse alguma coisa que ver com o caso…) "ninguém pode deixar de cumprir a lei". E diz muito bem. Mas e quando é a Câmara a primeira a dar o mau exemplo?
Esqueceu-se que da cobrança ilegal que está a ser feita no estacionamento tarifado? Onde está a decisão da Assembleia que suporta essa decisão?
Ou, a cobrança dos terrados na Feira de Stª Iria (coisa da qual nunca ninguém fala), é legal? Corvêlo de Sousa, que a determinado ponto até puxou dos galões de advogado ao dizer que não se sente mal num tribunal, deve saber responder a esta pergunta...
E estes são apenas alguns exemplos mais visíveis...

Ainda nos meandros da desculpas esfarrapadas para a decisão acerca do caso "carrinha do castelo", pergunta o jornalista algo como "então mas e não era possível mudar a carrinha de local para outro junto à passagem dos visitantes?” – “Ah, não porque a obra abrange toda a zona de acesso ao Castelo”!!
Ao que o jornalista pergunta e muito bem, “então os turistas estão em perigo?”.
Não, não...”, diz Corvêlo. E consegue dizer sem se engasgar ou rir, é d’homem!

Depois lá diz que, ah e tal, “o que foi decidido em reunião de Câmara não foi bem o que passou cá para fora” e mais uns contorcionismos e, claro, lá chega ao do costume que foi subentender, como se essa fosse uma verdade insofismável, que os técnicos é que decidiram.
Todos já sabemos que quando os políticos são fracos ou não sabem o que fazer, quem decide são os técnicos e que isso é o que se passa no município nabantino, mas alguém que explique ao sr. Presidente que isso não é o que é suposto acontecer. A decisão é sempre política.

E lá foi dizendo mais umas coisas engraçadas, do tipo “Paiva governou em circunstâncias difíceis”.
Bolas, circunstâncias difíceis?! Três maiorias absolutas coincidentes com o período de maior afluxo de fundos europeus; uma série de benesses entre as quais um programa Polis; decidir tudo ao seu bel prazer, sem sequer com o seu partido discutir o que quer que fosse – isto são circunstâncias difíceis?!
Difícil era com tanto conseguir fazer pior! António Paiva é, com todas as questões enquadradas, o pior presidente que já passou por Tomar. (Mas Corvêlo bem tenta ganhar esse campeonato).

Disse ainda que “não foi possível outra solução para o Parque T”. Mentira. Outras soluções eram possíveis, o PS por exemplo apresentou alternativas.
E que “foi uma decisão dos juízes”. Mentira. A solução resultou de um acordo entre as partes, sendo que por parte da Câmara, a decisão foi exclusiva de Corvêlo de Sousa, que apanhou inclusive os outros dois vereadores sociais democratas de surpresa. Foi depois ratificada em reunião do órgão, apenas com os votos do PSD.
Pergunta o jornalista António Feliciano (que esteve muito bem, são precisos mais jornalistas em Tomar que de quando em vez tenham “vontade de ir ao osso”), neste caso “a câmara foi enganada ou deixou-se enganar?”. Não percebi a resposta…

E por fim, sobre a coligação, a sua eventual saída e afins, também disse umas coisas giras. Primeiro que a coligação é coisa dos partidos, já a distribuição de pelouros é consigo.
Mentira. Tudo foi acordado, como sempre foi público, entre os dois partidos. A divisão de pelouros tal como existiu até acerca de um ano atrás, a eleição para a mesa da Assembleia Municipal, e o Conselho de Administração dos SMAS.

Diz depois que não se sente desacompanhado, e que não sabe de quem surge essa ideia de que não termine o mandato, coisa de pessoas sem mais para fazer.
Bom, mas essas hipóteses sempre surgiram em primeiro lugar do PSD e ainda durante a própria campanha. E no decurso do mandato, mais do que uma vez a direcção local do PSD fez saber que ia analisar essa situação!!!
Mas enfim, lá vai dizendo que “não há nenhum prazo” para a sua saída, o que é já um discurso diferente de há uns meses, e por fim lá confessa: “a minha posição em relação à concelhia (do PSD) é muito ligeira”!!

Dizer mais o quê? Ele próprio admite por meias palavras que ser presidente de câmara foi uma espécie de acaso!! 
Apesar disso, sendo notório que ninguém a começar no seu partido o quer lá mas mesmo assim não vai embora, deve estar a gostar. Será possível que julgue que está a fazer alguma coisa de jeito?


As citações são de memória e a sequência dos assuntos pode não ser bem esta.

1 comentário:

Anónimo disse...

VÊ lá bem. Conseguiste ouvir no conforto do intercidades e no teu tempo não havia Magalhães. Impressionante.