Mais cedo ou mais tarde, acontece sempre a quem a usa.
Normalmente assumindo-se de esquerda, embora na campanha das presidenciais tenha afirmado ser também de direita, o que é logo revelador, o grande independente Fernando Nobre foi hoje apresentado como cabeça de lista do PSD por Lisboa, sabendo-se que exigiu ser candidato ainda à presidência da Assembleia da República.
Ele que ainda em 20 de Fevereiro no seu Facebook afirmou: "GARANTO-VOS, EXCLUÍ A MINHA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, NEM COMO INDEPENDENTE, NO ÂMBITO DOS PARTIDOS EXISTENTES, NEM EM ACTUAIS OU FUTUROS GOVERNOS PARTIDÁRIOS" - e até escreveu assim, em maiúsculas para vincar melhor!
E depois ficam alguns muito chateados quando eu digo que ninguém é independente...
Seja como for, neste caso de Nobre, só pode mesmo causar estranheza a quem andasse distraído ou não usasse o intelecto para o exercício de reflexão. A campanha de Nobre às presidenciais foi, essencialmente por via das suas intervenções, a mais demagógica e vazia de conteúdo, mostrando alguém sem estrutura ideológica, muitas vezes provinciano e, de lamentar ainda mais no caso do Presidente da AMI, ultrapassando muitas vezes os limites da hipocrisia - ou seja, aqui concordo com o aquilo que hoje afirmou o BE, uma enorme fraude política.
Em todo o caso, o PSD de Passos e Relvas faz-me lembrar um daqueles filmes de cowboys cómicos antigos em que as personagens passavam o tempo a acertar neles próprios. Este quer-me cá parecer que vai ser mais um tiro certeiro...
4 comentários:
Mas atenção!
Não se esqueça que foi o candidato presidencial lançado e patrocinado por Mário Soares,apoiado por vários soaristas,inclusivé Maria Barroso e a filha Isabel Soares,na senda de uma mesquinha vingança contra Manuel Alegre.
De resto,é deplorável o oportunismo de Fernando Nobre,ex-apoiante do Bloco de Esquerda,agora convertido e vendido à direita liberal.
É mais um sinal do lodaçal,do chafurdo em que se foi tranformando a actividade política,coisa nobre noutros tempos.
Olhe que há independentes que nunca se venderam,nem venderão.
Até por isso,como no meu caso,muitos abandonaram uma militância partidária castradora.
Sou um independente de esquerda,sem filiação partidária,sem comprometimentos com partidos,livre,orientado pela minha leitura da realidade envolvente.
E sinto-me muito bem sem coleira,sem ser violentado na minha consciência.
Jamais votarei contra a minha consciência,seja em que circunstâncias for.
Não tenho qualquer posição de princípio contra os partidos e a sua existência.
Bem pelo contrário.
Contudo,está à vista de toda a gente a necessidade imperiosa de reforma dos partidos,da sua vida interna,da sua ligação à sociedade e aos cidadãos,do seu compromisso com a verdade e com o espírito de serviço público,do combate sem tréguas ao clientelismo,aos "boys e girls" de todos os matizes.
A vida política portuguesa precisa de uma barrela concentrada.
Precisa de ser desinfectada e desinfestada.
Mas para mim o conceito de independente não tem nada que ver com ter ou não uma filiação partidária.
Por exemplo no seu caso, ao afirmar-se de esquerda está naturalmente a assumir uma forma de pensar e olhar o país, a sociedade, o mundo. E não há mal nenhum nisso, antes pelo contrário.
E é por isso que eu digo que só tontos ou desprovidos de inteligência podem ser independentes, porque todos os outros têm, mesmo que mínima, uma ideologia que defendem, uma forma de com a qual projectam aquele que é o seu mundo perfeito, a sua utopia.
Claro, há uma outra possibilidade de existência de supostos independentes, aqueles que agem meramente em função dos seus interesses. Mas mesmo esses são apenas pseudo-independentes, porque essa forma egocêntrica e egoísta de agir também é uma forma de olhar o mundo.
Caro Dr. Hugo Cristóvão,
Como o senhor foi referido pelo Dr. Rebelo num dos seus últimos posts, deu-me para passar por aqui.
Fui à caixa de comentários e no seu comentário diz:
"E é por isso que eu digo que só tontos ou desprovidos de inteligência podem ser independentes, porque todos os outros têm, mesmo que mínima, uma ideologia que defendem,uma forma de com a qual projectam aquele que é o seu mundo perfeito, a sua utopia"
Há exemplos demasiados, quando a democracia representativa se afasta dos problemas do povo, dos eleitores, dos explorados, em que a utopia para estes pode passar a ser o PÃO, e não raras vezes alinham atrás de quem lho prometa com aquela retórica conhecida.... E não os devemos tomar por tolos e estúpidos.
Do que eu não gosto mesmo nada é de organizações políticas que se dizem independentes. E, no entanto, elas existem - talvez... por o nosso sistema partidário ter abandonado qualquer utopia, privilegiando interesses materiais individuais e de grupo imediatos.
Imediatamente após o 25 Abril, lia-se em quase todos os cartazes nas ruas de Portugal, a preceder LIBERDADE! DEMOCRACIA"!, a palavra PÃO!
Isto é muito complicado, merece séria reflexão, especialmente por parte de dirigentes partidários, como o Dr. Hugo Cristóvão.
a quem envio um Abraço.
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