domingo, novembro 07, 2010

pura economia

Teoricamente isto saiu no Financial Times. Não creio que seja verdade. Ainda assim, talvez pela hora, parece-me muito inteligente. Os pássaros já chilreiam lá fora, talvez seja hora de ir dormir.

E-mail duma rapariga ao jornal: 
Sou uma rapariga linda de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Pretendo casar-me com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste jornal, ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e que possa me dar algumas indicações?
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não vão fazer-me morar em Central Park West.
Conheço uma mulher (da minha aula de ioga) que casou com um banqueiro e vive em Tribeca! Não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente.
Então, o que fez ela e que eu não fiz? Qual a estratégia correcta? Como posso eu chegar ao nível dela? 
"(Raphaella S.)"  


Resposta do editor do jornal:  
Li sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação.
Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou a tomar o seu tempo à toa.
Posto isto, considero os factos da seguinte forma : 

"Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que você procura), o que você oferece é simplesmente um péssimo negócio. Eis porquê: deixando os floreados de lado, o que você sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas, isto é, você entra com a beleza física e eu entro com o dinheiro.
Mas tem um problema. Com toda a certeza, com o tempo, a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará a aumentar. Assim, em termos económicos, você é um activo a sofrer depreciação e eu sou um activo a render dividendos. E você não somente sofre depreciação, mas sofre também uma depreciação progressiva, ou seja, sempre a aumentar!
Explicando melhor: você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano que passa. E no futuro, quando você se comparar com uma foto de hoje, verá que se tornou num caco. Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada. Usando a linguagem de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la como "trading position" (posição para comercializar) e não como "buy and hold" (compre e retenha), que é o que você oferece.
Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um "buy and hold") com você não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim!
Assim, em termos sociais, um negócio razoável a pensar é namorar.
Mas, já a pensar e para certificar-me do quão "articulada", com classe e maravilhosamente linda você é, eu, na condição de provável futuro locatário dessa "máquina", quero tão somente o que é de praxe: fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio. Podemos marcar?"  

dedicado a todos os meus amigos economistas que não tem a culpa do estado da dita

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