artigo publicado no Cidade de Tomar de 3 de Abril
Há dias conversava com um colega professor, quase jubilado e brasileiro de nascimento, sobre estas coisas da política e das escolhas que os eleitores fazem, contando-me ele que há uns anos um candidato à prefeitura, penso que de São Paulo, usou este slogan que aqui coloco como título. Contou-o e logo acrescentou: – tal coisa ser possível, só mesmo no Brasil!
Eu de imediato pensei duas coisas: a primeira dirão ser pouco importante, que também nós muito usamos a expressão “só neste país”…; a segunda que “só mesmo no Brasil”!? Então e cá? Como pensam afinal os portugueses?
Bastaria considerar os casos mais flagrantes, como Felgueiras, Gondomar ou Oeiras, e outros por aí menos mediáticos…, para imaginar que um slogan destes em Portugal era bem capaz de ter muito sucesso. A mim mesmo, vários cidadãos me disseram na fase anterior às últimas eleições autárquicas, que o PS não poderia vencer em Tomar porque o nosso candidato era demasiado sério! Há mesmo muito quem pense e diga que se o Presidente for alguém que não se saiba “governar”, também não presta para Câmara. E eu, enfim, fico sempre atrapalhado quando me fazem afirmações destas, porque não sei francamente o que se responda a isto.
Vem isto a propósito de escolhas e de perfis, e da importância dos mesmos, assunto sobre o qual já noutras alturas escrevi. É que a Seriedade, a Lealdade a Tomar, ao Projecto e à Equipa; a Capacidade de Ouvir e Decidir; a Honestidade, a Visão, a Determinação, a Coragem para enfrentar dificuldades, a integridade pessoal e a defesa de Valores, são precisamente os predicados que em Tomar o PS há muito definiu para as suas escolhas.
E esses são os que encontrámos no Arquitecto José Becerra Vitorino, o candidato socialista à Câmara de Tomar, aquele com o qual sabemos ter a única alternativa ao descalabro a que Tomar assistiu e vai assistindo. Esta foi a escolha do PS, e foi a escolha certa.
Sim, não agradará a todos, isso já sabemos. Desde logo aos que desejavam estar no seu lugar, claro. Depois é como tudo: se é gordo devia ser magro, se baixo é porque devia ser alto, e por aí até coisas bem piores. Não é contudo o que importa, aquilo que é relevante é o que antes enunciei. Mas é uma coisa séria esta de ser português e ó, tão nabantina: o tanto gostarmos de estar contra, que até há quem disso faça refinado desporto:
Falar mal do próximo.
Olhar-se ao espelho e perguntar: sou ou não sou melhor que o meu vizinho? Sou sim senhor! Infelizmente, até alguns senhores que andam ou gostavam de andar na política são assim, achando-se a melhor coisa que esta terra já conheceu. Assim ao jeito do “sou tão bom tão bom, ando tão inchado, que todos me devem”. Todos conhecemos dessas figuras…
Imune contudo a tudo isso, no seu tempo, sem cedências às costumeiras pressões, marcando o seu ritmo, e já agora, o dos outros, o PS escolheu o seu candidato. E sim lembremo-nos, o ritmo dos outros: um candidato correu para os jornais, dizendo que “obviamente” era o que todos sabíamos; outro que o PSD em Tomar tinha UM candidato capaz, mas que acabou por ser número 2; enquanto que o PSD oficial disse estar à espera do PS para fazer uma sondagem. Coisa séria, se eu fosse militante daquele partido estaria felicíssimo…
Enfim, outras modas. Ficamos sem saber se sempre houve sondagem e o que disse, mas deixemo-nos disso, que eu não gosto de falar da casa dos outros por muito que em Tomar, tantos se achem versados para do PS falar naquilo que só aos militantes e aos seus dirigentes diz respeito. É aliás estranho o quanto que em Tomar alguns comentadores explícitos e outros mais sub-reptícios, atacam o PS. Será o PS responsável, pelo menos nos últimos 12 anos, pela gestão do Município e seus “anexos”; ou será porque se ataca tudo o que se tem ódio ou medo?
Já o vimos mas vê-lo-emos mais, comentaristas implicados a vaticinar os maiores disparates ao PS de Tomar, quando os que o fazem por norma desejavam sim estar no seu lugar (no lugar do seu cabeça lista, no lugar do seu presidente, no lugar do seu vereador, dos seus dirigentes…). E não se percebe essa angústia, é afinal a coisa mais simples da Democracia:
Basta ser militante, concorrer a eleições, e ganhá-las.
Mas imunes, escrevi atrás, às muitas pressões – algumas legítimas, como por exemplo a comunicação social que sempre tenta ter notícias frescas; outras ilegítimas, que tentam influenciar ou condicionar por vezes de formas nada éticas – o PS tem elaborado o seu projecto, escolhido e continua a escolher os melhores representantes para as várias listas: sem se fechar sobre si próprio, mas também sem correr atrás de ninguém, baseando-se sempre no princípio de que a Política se faz com afirmação e disponibilidade, e que essa disponibilidade terá sempre de ter como premissa o trabalho individual em prol do colectivo, e nunca o seu reverso. Com a calma e a serenidade que compete a um partido responsável, com história e regras, onde os seus dirigentes sabem que estão sempre a prazo, que antes de si outros tiveram, e depois outros virão; sem dependências de projectos pessoais, valendo em primeiro lugar pelos valores essenciais que defende, e só depois pelos que a todo o momento estão disponíveis para os defender. Assim se trabalha com Ideologia, Humildade, Ética e Responsabilidade.
O caminho está então traçado: Projecto, Equipa, Alternativa – a necessária à mudança que desejamos para o concelho que amamos. A mudança que acreditamos ser largamente desejada.
Talvez no PS, admito-o, estejamos enganados. Talvez afinal não seja necessária uma mudança, ou talvez os tomarenses não a desejem. Talvez esteja tudo bem em Tomar, e sejamos nós os pessimistas, os derrotista, os alheados da realidade ou os fabricantes de realidades virtuais. Felizmente, bem lá diz na escadaria dos Passos do Concelho, o Povo é Quem Mais Ordena, e todos têm o mesmo peso na decisão. Os que votam por um lado, os que votam pelo outro, os que não votam. Na essência, Todos Somos Tomar. Eu sou dos que acham que é tempo de mudar para algo verdadeiramente novo, e temos todos uns meses para pensar nisso. Saberemos fazê-lo com Seriedade?
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