artigo publicado no jornal Cidade de Tomar de 27 de Junho
O verão achega-se finalmente, possante, quente, e em Tomar o reboliço da época sente-se em cada esquina.
É o corrupio dos turistas subindo e descendo as calçadas da cidade para o Convento. Cá por baixo na cidade, é vê-los aos magotes, apinhando as esplanadas, fazendo filas nas lojas.
Nos cafés e nos restaurantes não há “mãos a medir” e já não há tomarenses que cheguem para tanta vaga de emprego. Está bom de ver porquê: os eventos desportivos, o cartaz de espectáculos e outros acontecimentos culturais, a par com a animação de rua, ou os roteiros turísticos específicos, sobre os Templários por exemplo. E a “cidade velha”? Ui!, a cidade velha, que chamariz! E ainda há quem diga que a dita “revitalização do centro histórico” que a Câmara tem levado a cabo, não passa de substituir pedras por pedras piores… que ingratidão!
Que tão pouca compreensão tendes pelos misteriosos desígnios da nossa Câmara!
Bom, Tomar faz jus ao seu eclético e nobre passado, e hoje é um destino de top em qualquer agência de viagens, ou na lista de destinos de qualquer português.
Os hotéis e as residenciais estão cheios, e no parque de campismo não cabe nem mais um saco de cama! Eles são casais apaixonados, eles são grupos de jovens à procura de diversão, ou excursões de jovens reformados relembrando a cidade de que ouviram falar nos tempos de escola. De todos podemos encontrar na enchente desta que só podia mesmo ser uma cidade turística.
Os tomarenses esses, sempre que têm uma folga, preferem a frescura de uma das suas praias fluviais. No Nabão ou no Zêzere, é só escolher a mais a jeito. Todas elas são referência na região: pelas comodidades, como os barzinhos de apoio, ou a segurança, ou os vários equipamentos para a pequenada. Até na cidade, todo o canto verde ou a formosa sombra é ocupada por gentes que repousam deslumbrando-se com os prodígios da nossa terra.
A Mata então é o ex-libris, ali passeiam os avós com os netos, os mais desportistas são às centenas no dia-a-dia aproveitando o ar puro, os jardins da entrada são cobiça para as aprimoradas donas de casa, e num ou outro doce recanto, enamorados pares aproveitam o embalar dos pássaros, para melosas juras de amor.
Ah! O encanto desta terra…
Bom, e os mais jovens, já se sabe, gostam de fruir do calor das noites. E Tomar é o destino predilecto dos boémios de toda esta região, por onde a nossa zona dos bares é continuamente mencionada. Esses competem avidamente entre si para as mais badaladas festas, chegando mesmo uma vez ou outra, a envergonhar os aprumadinhos da capital.
Ora, quando tudo se tem já, que poderemos nós querer mais?
Chega-se ao ponto de boa parte dos nabantinos lamentarem os dias em que se desloquem à praia ou a qualquer outro sítio, com o espírito no que estarão a perder por cá.
Nesta altura, é como se os habitantes triplicassem ou quadruplicassem, tal a quantidade de forasteiros que procuram o concelho e por cá ficam dois, três, muitas vezes mais dias, sendo sabido que quase todos, especialmente os nacionais, acabam por voltar.
O Convento olhando como nos tempos imemoriais pela cidade lá de cima, bate recordes de visitantes e os outros monumentos, um pouco aproveitando a onda, são de tal maneira procurados, que às suas portas se acercam vendedores de todo o tipo de souvenirs, artistas de rua, pintores e caricaturistas, vendeiros de flores, bolos, licores,… enfim, um mar de gente aproveitando aquele euro a mais que sempre pesa na carteira do veraneante turista.
Quando, não sem um olhar já de saudade, os visitantes nos deixam, vão sempre carregados: ele são postais para os amigos, a t-shirt para a irmã que não pode vir, os doces para os avós, os bonequinhos para os netos, não fossem já as iguarias levadas nos aprazidos estômagos dos próprios…
Quando partem vão infimamente refastelados. Cheios de recordações para fazer inveja aos amigos, e os nabantinos esses, inchados de orgulho, na referência e animação que é a nossa augusta terra.
Reconhecendo esse orgulho que por vezes nos cega um pouquito, admito ter exagerado qualquer coisita neste relato… mas não estou muito longe da realidade, ou estarei?
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