domingo, junho 25, 2006

Óculos de cabedal II

Sobre o outro post com este nome, e os porquês do marasmo nabantino, conversava com um amigo.
Afinal porque estaremos assim, parados no tempo, a construir obras inúteis e dispendiosas, e a deixar fugir oportunidades?
E como enquadrar isto na tese que eu sempre defendo, que a culpa não é exclusivamente, ou mesmo não é maioritariamente dos políticos? Afinal alguém os elege, e muitas vezes reelege.
Logo, será que este problema tomarense é de toda uma comunidade, andará esta comunidade na sua maioria, de óculos de cabedal ao rosto?
A tese desse amigo é que a maioria das pessoas não está preocupada, não quer saber.
Pois eu acho, que a maioria de facto não se apercebe. A maioria de facto acha, que Tomar é uma das sete maravilhas do mundo, ou então, está presa ao sentimento enraizado ao longo de décadas, que em Tomar não é preciso ser empreendedor, que em Tomar somos tão bons, que os outros vêm até nós. Em Tomar não temos que fazer pela vida, porque só o facto de cá vivermos habilita-nos para o necessário. Essencialmente, vive ainda enraizada, exponenciada por esse alargar a toda a sociedade, o sentimento profundo e latente, de que alguém vai decidir por nós. Que cabe a alguém, a dois ou três iluminados e predestinados, a condução dos nossos destinos.
Afinal, foi de facto assim durante muito tempo em Tomar. Três ou quatro empresários dominavam toda a economia, três ou quatro pessoas dominavam toda a sociedade, e ninguém tinha que pensar, fazer ou lutar, apenas seguir e não discutir.
E por cá a letargia é tão grande, e tão contagiante, que os poucos que lutam para mostrar a diferente realidade não conseguem sequer ter espaço de manobra, qual formiga debaixo de um elefante.

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