terça-feira, abril 25, 2006
Perguntavam-me há pouco para uma rádio, o que era para mim o 25 de Abril. Não sei se foi a primeira vez que mo perguntaram assim, mas talvez tenha sido a primeira que respondi.
O facto é que tenho 28 anos, e este 25 de Abril em particular comemora 32, logo eu não sei, ou não posso saber na pele o que foi o 25 de Abril, o que significou realmente para os portugueses, e o que era viver antes dele. Mas sei, sinto, o que apesar de não o ter vivido ele me transmite.
Em primeiro lugar Liberdade, quase como fim último para a vida dos Homens, Liberdade para a qual contribuem a Democracia, a Livre Opinião, a Participação.
Mas transmite-me também Obrigação, deveres sempre antes dos direitos. E isso, acho que cada vez mais se perde na nossa sociedade. A ideia de que nada se alcança sem trabalho, que nada cresce sem que o semeemos, sem que o acarinhemos, de que toda a benesse acarreta responsabilidade. Isso está difÃcil de conseguir.
O 25 de Abril e os ideais que representa também precisa de estÃmulo, de acompanhamento permanente, e de novas sementeiras, pois se assim não for, daqui a alguns anos, depois que a memória dos que o viveram se for, este será apenas mais um feriado como tantos outros, que ninguém saberá bem o que significa.
Falta apostar mais na necessidade da Participação CÃvica, falta todos, em especial os mais jovens, termos a noção de que a vivência em sociedade nos obriga a estar atentos, a intervir, a criticar – e criticar não significa apenas dizer mal.
Temos de ultrapassar a mentalidade cada vez mais enraizada nesta sociedade consumista, de preferir o mais fácil, o que nos dão já feito e sem trabalho, o que não nos faz pensar, e pelo contrário por vezes, até nos obriga a a não pensar.
Além das lutas eternas como a Igualdade para todos, o fim da Pobreza, a Justiça e Fraternidade plenas, esta são as lutas que temos ainda a travar, lutas de mentalidade, de filosofia, de consciência, que é acima de tudo, individual. Uma luta sem armas e sem sangue, mas de palavras e sentimentos. Uma luta que está, cada vez mais difÃcil, porque todos nós a deixamos assim.
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