
Num tempo de espera
Num tempo de espera, o silêncio de teus olhos.
Num tempo de espera, o teu sorriso fechado.
Num tempo de espera, tuas mãos mudas.
Num tempo de espera, teu corpo em nenhum lado.
É como as gotas desta chuva miudinha
humedecendo o chão, sopradas por nuvens cinzentas
a janela baça e o dedo que nela
garatuja teu adorado nome
num tempo de espera.
É a luz côncava do candeeiro
furando pelo escuro até ao retrato
onde teu rosto já de si iluminado
É agora em minhas mão beijado
num tempo de espera.
É a lágrima que corre pequena
mas cheia, talvez de saudade
o apertar meus lábios num suspiro, um lamento
engolindo em seco saliva amarga
num tempo de espera.
Num tempo de espera, como um simples inspirar
num tempo de espera, tantos e infinitos
tu insinuada em todas as voltas do ponteiro
para em tormentos mudos me ir lembrando
que amar é também um acto de espera.
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