Há muito tempo que não deixo aqui uma das minhas divagações de disfarçada poesia, pois do baú deixo este tempo de espera, que escrevi algures já noutro século.
Num tempo de espera
Num tempo de espera, o silêncio de teus olhos.
Num tempo de espera, o teu sorriso fechado.
Num tempo de espera, tuas mãos mudas.
Num tempo de espera, teu corpo em nenhum lado.
É como as gotas desta chuva miudinha
humedecendo o chão, sopradas por nuvens cinzentas
a janela baça e o dedo que nela
garatuja teu adorado nome
num tempo de espera.
É a luz côncava do candeeiro
furando pelo escuro até ao retrato
onde teu rosto já de si iluminado
É agora em minhas mão beijado
num tempo de espera.
É a lágrima que corre pequena
mas cheia, talvez de saudade
o apertar meus lábios num suspiro, um lamento
engolindo em seco saliva amarga
num tempo de espera.
Num tempo de espera, como um simples inspirar
num tempo de espera, tantos e infinitos
tu insinuada em todas as voltas do ponteiro
para em tormentos mudos me ir lembrando
que amar é também um acto de espera.
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