quarta-feira, agosto 04, 2004

Ainda o mercado

Em reacção ao artigo que escrevi há dias para o Cidade de Tomar sobre o mercado, recebi por correio a seguinte mensagem que acho dever retransmitir:

«Os meus parabéns pelo seu artigo no jornal Cidade de Tomar.
Devo acrescentar:
Porque é que querem tramar ainda mais o comércio estabelecido?
Aumentar ainda mais a concorrência?
Eles já nem assim se "safam". Não conseguem rotação de stocks, e, consequentemente não têm lucros para fazer face às despesas.
Ninguém pensa ou se preocupa com o comércio tradicional, mas, ele merece ser acarinhado e até defendido.
Isto vem a propósito do tal famigerado fórum.
Deixem estar lá o mercado como está. Refiro-me só aos produtos frescos.
Se alterarem o que está será a maior asneira.

com os meus cumprimentos
#remetente identificado»

Concordando ou não com a manutenção do mercado de frescos no local e nas condições em que está, era altura dos responsáveis ouvirem os comerciantes e perceberem os seus problemas. Perceber porque se deslocam os tomarenses aos concelhos vizinhos para fazer compras. Encontrar formas reais de resolver os problemas das pessoas, comerciantes e consumidores, e deixar de acreditar que qualquer solução empacotada, copiada doutro local, e sem qualquer ligação com o sentir e o viver de Tomar, pode resolver alguma coisa.
Os problemas de Tomar passam pela estimulação da sua economia, e estimular a economia tomarense não é possí­vel sem que Tomar volte a ser o centro e o modelo regional que já foi.
Tomar precisa da visão, da coragem, da inteligência e da audácia de outros tempos, respeitando-se as características da sua diferença e unicidade em confronto com outros locais. Se Tomar for igual às outras cidades, nada terá para oferecer, não temos tantos séculos de história, para agora sermos uma cidade de "plástico" copiada a computador doutras urbes.
Acabem-se com os falsos profetas e os venderores da banha da cobra, e perceba-se entre o que se diz querer fazer, o que realmente resolve alguma coisa sem estragar o que temos de bom.
Tomar está a ficar repleta de elefantinhos brancos à nossa escala, todos muito bonitinhos, todos projectos muito oníricos, mas que não só não resolvem problema nenhum, como exponenciam os existentes, ou criam outros em seu lugar.
Até quando vão os tomarenses assobiar para o lado? É que se muitos têm os olhos fechados porque não conseguem ver, outros ajudam a distrair, e se há coisa que o povo gosta, é de distracção para as suas dores, e depois, já se sabe, numa nação de enfermos, o menos coxo é que chega mais longe...

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