segunda-feira, junho 25, 2012

É que 'tá uma tourada!


Já não bastava andar aí uma malta no país a achar que a UNESCO alguma vez vai aceitar promover um espetáculo de tortura animal a património imaterial da humanidade, como agora chegou a moda de alguns municípios o fazerem à sua escala, como se fizesse sequer sentido, elevar tal degrandante aspeto da condição humana a património cultural e imaterial de interesse municipal.

E claro, já cá faltava que alguém quisesse imitar isso em Tomar. Chegou à câmara a proposta via grupo de Independentes, como se lê na rádio Hertz.
Usam os argumentos clássicos de quem não tem outros: a tradição. (tradição que em relação à tauromaquia, em Tomar nunca existiu no sentido de que envolvesse largo grupo de cidadãos, e o pouco que existisse já morreu há muito tempo, só que alguns ainda não se convenceram). Porque no ano tal aconteceu isto, porque no século tal aconteceu aquilo...
Ó meus senhores, em Tomar também se fizeram autos de fé, não querem antes recuperar essa "tradição"?!

"Cultura" e "tradição" não são salvo condutos para tudo. Interessa preservar o que o justifique, mas preservar um espetáculo que é praticamente o último resquício da barbárie que persiste como atividade ou evento no mundo dito civilizado - que não tem outro fim que o gozo do ser humano perante a tortura de um animal, espetáculo que subsiste essencialmente à custa dos milhões dos dinheiros públicos que entram por muitas vias, para garantir a abastança de algumas famílias, muitas com tiques de aristocratas, que ainda têm a lata de se achar moralmente superiores - não tem qualquer justificação numa sociedade moderna.
Quando muitos municípios em Portugal, Espanha, França e outros, estão a adiantar-se puxando para o futuro e para a dignidade, os países que mais tarde ou mais cedo farão o mesmo - abolir as touradas (em Portugal já haviam sido abolidas durante a governação de Passos Manuel no séc.19!) - há outros onde o conservadorismo, o confundir de conceitos, o achar que a "superioridade do homem" justifica tudo, incluindo continuar a puxar essas terras para o passado.

Sendo assim, vou propor que se façam umas lutas de galos no mercado, umas lutas de cães no pavilhão municipal que não serve para muito mais, e já agora umas queimadas de bruxas e hereges na praça da república. Entretanto na praça de touros, além das touradas, podiam fazer-se uns espetáculos em que se substituísse os touros por leões e ursos, só para a coisa ser mais genuína. Tradição por tradição, nada como ir mesmo às origens.

3 comentários:

Anónimo disse...

realmente touradas é o que não faltam por Tomar!

emege disse...

Tambem eu sou tomarense e não poderia estar mais de acordo com o ridiculo que é defender que Tomar é uma terra de "aficion", e que fosse,não deixaria nunca de se tratar de um espectáculo brbaro.

Sílvia Marques disse...

a foto que o Hugo foi escolhida a dedo! fon** Hugo! nunca mais vou dizer que "Ribatejano que é Ribatejano gosta de uma bela tourada"!

que saudades que eu tenho do tempo em que o meu pai ia para a fábrica à boleia com um grupo de amigos. que saudades de estarmos ansiosos pelo Natal porque sabíamos que aquela empresa nos iria proporcionar momentos de alegria! onde se perderam essas empresas?! onde se perderam esses valores?! que banalidades se discutem por Tomar na actualidade!